Passos lança apelo aos pilotos para desconvocarem a greve da TAP
Num jantar, no Porto, com os Trabalhadores Sociais-Democratas, o primeiro-ministro acusa o Sindicato dos Pilotos de Aviação Civil de “estar a colocar em risco o futuro da empresa”.
“Tenho pena que tenham escolhido o 1º de Maio para fazer um exercício tão pouco digno, tão pouco pedagógico do que deve de ser o direito à greve”, disse Passos Coelho, censurando a “posição inflexível” do sindicato que manteve a convocação da greve, que tem inicio esta sexta-feira, prolongando-se por um período de dez dias.
“É pena que este 1º de Maio esteja ao serviço de quem não está seguramente ao serviço dos trabalhadores”, declarou o primeiro-ministro, que disse esperar “sinceramente que a generalidade dos pilotos da TAP não se reveja na posição do seu sindicato e que daí tire as suas consequências e que faça aquilo que o sindicato não teve flexibilidade para fazer: “desconvocar aquela greve”, declarou Passos, esperando que a “TAP continue a voar nos próximos anos”.
O apelo aos pilotos da TAP foi feito a partir do Porto, onde o primeiro-ministro esteve num jantar com os Trabalhadores Sociais-Democratas, comemorativo do 1º de Maio, e que reuniu no edifício da Alfândega mil e cem convidados. Horas antes, tinha sido a vez do ministro da Economia, António Pires de Lima, ter apelado à desconvocação da paralisação da transportadora aérea.
Num discurso, onde reafirmou os sinais de crescimento da economia, o primeiro-ministro acusou o Sindicato dos Pilotos de Aviação Civil de poder “por em causa o futuro de toda uma empresa”. E disparou: “Como é que é possível em 2015, 41 anos depois do 25 de Abril, vivendo nós num regime democrático meia dúzia de pessoas, um sindicato que tem contra si quase todos os outros sindicatos daquela empresa por em risco sem se poder dizer que não tem consciência de o estar a fazer o futuro da empresa, o emprego daquela empresa, de muitas empresas em Portugal que vivem, porque a TAP como companhia de bandeira cumpre uma missão importante?”
O primeiro-ministro explicou depois que o “Governo quis preservar as melhores condições para a empresa e, por isso, negociou com todos os sindicatos, tendo chegado a um acordo com eles e que o teor desse acordo foi plasmado justamente no caderno de encargos da privatização”. “Cumprimos a nossa palavra e colocamos como condições na privatização os acordos que tínhamos feitos com os sindicatos e agora há um sindicato que quer negociar tudo outra vez e que nos acusa de sermos intransigentes por que não estamos disponíveis para darmos o dito por não dito e voltar a negociar tudo outra vez”, insurgiu-se Passos, afirmando que “esta não é uma posição de seriedade”.
A cinco meses das eleições legislativas, o chefe do Governo fez um balanço da governação de quatro anos, reconheceu que nem tudo foi fácil e deixou a garantia de que este ano “sairemos este ano de défice excessivo”. “Será a primeira vez em 15 anos”. E proclamou: “Não fosse o que temos de pagar de juros pela divida do passado e, pela primeira vez, o país teria excedentes orçamentais. Nunca tivemos um excedente orçamental em democracia. Não é normal, garanto”
O primeiro-ministro e líder do PSD declarou, a propósito, que “muitos dos estados democráticos vão amealhando nos anos bons para os anos maus e é assim que se deve fazer para quando vêm anos maus possamos ter políticas contra cíclicas para podermos equilibrar as coisas, mas para isso é preciso amealhar nos anos bons e nós nunca amealhamos em ano nenhum”.
Um ano depois de o Governo ter fechado o programa de assistência financeira, Passos deteve-se nesta questão para dizer que “estamos a construir um país diferente” e assumiu que desse ponto de vista o Governo “não tem estados de alma, não andamos entusiasmadíssimos nuns momentos e deprimidíssimos noutros; não estamos a olhar para as sondagens para sabermos se estamos a fazer bem ou se temos de esperar pela próxima para dizer mais umas coisas”.
Já em tom de campanha, Passos Coelho disse que as “pessoas sabem o que pensamos, ao que vimos e o que queremos” e aludiu ao programa de estabilidade que foi apresentado e que tem um estratégia de médio e longo prazo muito clara para Portugal”. E deixou a garantia que o Governo quer “construir, de facto, uma economia geradora de valor, competitiva, aberta em que oi mercado doméstico possa recuperar gradualmente como está a recuperar, mas em que as nossas exportações continuem a liderar o processo de transformação da nossa economia”.