Todos podemos beneficiar com um futuro "verde"

O êxito das indústrias verdes europeias deve servir de estímulo ao resto da economia.

Porém, o contexto desta tendência é o que realmente importa. Não se deve perder de vista que este crescimento ocorreu durante a maior transição, dos últimos 100 anos, de um período de expansão para um de recessão. Além disso, embora o período de recessão tenha afectado praticamente todos os outros sectores da economia, as indústrias verdes continuaram a prosperar.

As empresas que demonstraram liderança global e incorporaram as preocupações ambientais foram as que superaram a tempestade causada pela recessão.

É o exemplo destas empresas que é necessário seguir. A Europa é um continente rico em competências, mas pobre em recursos. A ameaça de ser apanhado nas garras da recessão provou ser uma extraordinária fonte de inovação. Por isso, nós, enquanto sociedade, estamos a começar a aprender a "fazer mais com menos".

Mas estamos ainda longe de um círculo virtuoso. Frequentemente, os recursos poupados através de técnicas inteligentes são gastos noutro ponto, naquele que é conhecido como o "efeito de ricochete". Por vezes, os esforços para tornar as nossas indústrias ecológicas apresentam consequências inesperadas.

É um problema comum. No sector dos transportes, a utilização de combustíveis mais eficientes teve um impacto reduzido na utilização geral dos combustíveis, uma vez que, em virtude disto, os europeus optaram por utilizar mais o automóvel.

Em vez de depender de melhorias isoladas, é necessário adoptar uma abordagem mais sistémica a estes problemas e procurar resultados mais integrados. Há muito por onde podemos começar.

Mais do que tudo, é necessário encontrar formas de manter os recursos na economia, em vez de os utilizar uma vez e, de seguida, deitá-los fora. Precisamos de uma abordagem circular que reduza o desperdício ao mínimo. Quando os produtos atingem o fim da sua primeira "vida", devem ser imediatamente recolhidos como materiais, de modo a que possam ser reintroduzidos numa segunda "vida". Só quando esse material gerar novos produtos poderemos começar a falar de um verdadeiro ciclo de vida da produção, ou seja, a economia circular a funcionar.

Os argumentos económicos são sólidos. Os estudos sobre a indústria mostram importantes economias nas despesas com material, quando se utilizam abordagens de economia circular, apontando para um potencial aumento de 3% no PIB da UE. A questão não é se devemos ou não fazê-lo, mas sim como é que podemos aumentar e alargar os bons exemplos ao resto da economia.

O êxito das indústrias verdes europeias deve servir de estímulo ao resto da economia. Antes do final de 2015, a Comissão apresentará um novo e ambicioso pacote para a economia circular, abordando o ciclo completo. Este pacote procederá ao estudo de objectivos no que respeita a níveis de reciclagem, utilização mais inteligente de matérias-primas, concepção inteligente de produtos, reutilização e reparação de produtos, assim como reciclagem. Tudo isto visa criar um verdadeiro ciclo de vida da produção.

Gostaria de agradecer aos autores do relatório SOER, publicado pela Agência Europeia do Ambiente (AEA). Trata-se de um verdadeiro manancial informativo. Além de constituir um argumento poderoso no que respeita à economia circular, as suas conclusões servirão de base à política da UE durante os próximos cinco anos.

Estas conclusões apresentam provas convincentes de que as áreas naturais protegidas da UE (a rede Natura 2000 da UE) contribuem com benefícios da ordem dos 200 mil milhões de euros por ano para a UE. Mas as boas notícias não se ficam por aqui: as políticas da UE apresentaram vantagens significativas. Os europeus desfrutam de água e de ar mais limpos, enviam menos lixo para aterros e reciclam mais do que há cinco anos. No entanto, há também avisos que devem ser tidos em consideração, se quisermos travar a deterioração do nosso ambiente.

O relatório mostra que a União Europeia e a Comissão, em particular, desempenham um papel fundamental na exploração de novas vias para assegurar que continuamos a apresentar notícias positivas. Temos de conjugar a acção legislativa com instrumentos baseados no mercado, investigação e inovação. Temos de usar incentivos, intercâmbio de informações e apoio a abordagens voluntárias para promover esta mudança de percepções. Quando há vontade política, certezas jurídicas e apoio público, o investimento aparece.

Comissário Europeu para o Ambiente, Assuntos Marítimos e Pescas

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