Passos diz que plano do PS é regresso ao passado e parece eleitoralista
Primeiro-ministro recusa estratégia de incentivo ao consumo e pede aos socialistas que disponibilizem dados num formato que permita fazer contas.
Em declarações aos jornalistas, à margem do 7.º Congresso da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), no Centro de Congressos do Estoril, Pedro Passos Coelho ressalvou que não gosta de se "pronunciar precipitadamente" sobre coisas que não estudou com detalhe, mas deixou "uma primeira opinião" sobre o plano macroeconómico do PS.
"De um modo geral, as medidas que são apresentadas visam menos resolver os problemas do país e mais ajudar o PS para as eleições. É assim uma impressão que me fica", declarou o chefe do executivo PSD/CDS-PP aos jornalistas. "Elas são claramente representativas de uma estratégia económica que não é a nossa, é uma estratégia económica que o PS já defendeu no passado, já executou no passado e cujos resultados os portugueses conhecem".
Em qualquer caso, Passos Coelho, saudou a iniciativa do PS de apresentar um plano macroeconómico e pediu aos socialistas que disponibilizem dados num formato que permita fazer contas. "É importante os partidos, ainda para mais em ano eleitoral, terem a transparência de dizerem ao que vêm, definirem com clareza a sua estratégia para futuro. Isso deve ser saudado. E como primeiro-ministro, mais até do que como dirigente partidário, não posso deixar de saudar essa preocupação do PS".
Contudo, considerou que "era importante que, na forma utilizada para apresentar estas medidas, o PS pudesse também adoptar um formato que fosse auditável, sindicável", para "que se possa fazer contas", manifestando dúvidas sobre se "essa estratégia permite ou não cumprir as metas do défice e do desendividamento".
O primeiro-ministro, que falava à margem do 7.º Congresso da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), no Centro de Congressos do Estoril, disse não ser "capaz de dizer nesta altura" se a estratégia do PS "permite ou não cumprir as metas do défice e do desendividamento tal como estão prescritas em termos europeus", mas manifestou "sérias dúvidas de que isso seja possível".
"Omissão" sobre o défice
"De acordo com os dados que temos, e que jogámos em interação de informação com a Comissão Europeia, não nos parece que estes dados nos permitam baixar o nosso défice estrutural - de resto, há uma total omissão quanto a essa matéria naquilo que foi ontem [terça-feira] apresentado pelo PS", apontou.
De acordo com Passos Coelho, não se percebe "o que se vai passar com o défice estrutural nas contas socialistas" e as mesmas deixam incertezas também quanto a evolução da dívida: "As contas não nos permitem ser concludentes sabendo se respeitaremos ou não o desendividamento a que estamos obrigados".
Segundo Passos Coelho, o PS devia expor o seu plano macroeconómico "da mesma maneira, por exemplo, que o Governo apresentou o Programa de Estabilidade, o submeteu à discussão no parlamento, obteve da parte do Conselho de Finanças Públicas já um parecer, fornecendo todos os quadros e toda a informação pertinente e relevante para que se possa fazer contas" e verificar se cumpre ou não as regras.
"Tudo isso obedece a requisitos próprios que não estão ainda reunidos na forma como o PS apresentou as suas medidas. Portanto, para podermos fazer bem contas é preciso que na forma de apresentar essas medidas se recorra a um formato em que toda a gente possa confirmar, fazer as contas, perceber o que é que significam aquelas opções", insistiu.
Passos Coelho reiterou, no entanto, que considera "importante que o PS tenha feito este esforço e apresentado as suas ideias".