Passos atribui notícias sobre si próprio a disputa política

Primeiro-ministro revela que há jornais a tentarem saber a sua vida fiscal e assume que não é um cidadão perfeito.

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Pedro Passos Coelho Rafael Marchante

“Afinal as sondagens não estão a revelar o que se esperavam e que as eleições podem não ser um passeio. E à medida que isso se torna mais claro verificamos que a discussão se vai descentrando do foco político para o foco pessoal”, começou por afirmar Passos Coelho, garantindo que ele e a família estão “preparados” para enfrentar “todo esse debate político” do ano eleitoral. 

Depois, revelou que há “pelo menos jornais e [um] jornalista" - sem os nomear -  que querem expor “aspectos” da sua “vida fiscal" do foro "privado”. E defendeu-se: “Quero dizer não sou um cidadão perfeito, tenho as minhas imperfeições. Em consciência cumpri sempre aquelas que achei que eram as minhas obrigações. Mas se algum dia me chamaram a atenção para elas as corrigi imediatamente. Talvez agora se perceba melhor os processos [disciplinares] instaurados de gente que procurou conhecer detalhes da minha carreira tributária”.

Revelando que o seu gabinete tem sido confrontado com perguntas da comunicação social em torno da entrega de declarações fiscais, Passos assume alguns atrasos, mas garantiu não dever nada às finanças. “Quem quiser remexer na minha vida não precisa de se dar ao trabalho, nem quebrar dívidas de sigilo, pode ter a certeza que eu muitas vezes na minha vida me atrasei ou entreguei na altura o que o Estado me exigiu aquilo que exigível”. Ninguém esperará que seja um cidadão perfeito”, afirmou. “Não tenho nenhuma dívida ao fisco", acrescentou.

O chefe de Governo sublinhou não retirar qualquer benefício pessoal do cargo que ocupa. “Não encontrarão alguém que tenha usado o lugar para enriquecer, prestar favores ou viver fora das minhas possibilidades”, afirmou, sugerindo que continuará uma vida simples: “Quando eu sair de primeiro-ministro, quando os portugueses entenderem, voltarei a minha vida normal, pagando os empréstimos ao banco, a tratar da família, a viver das minhas posses que não são muito diferentes, para não dizer menores do que aquelas que tinha quando iniciei funções”.

Num discurso muito pontuado com palmas e com algumas exclamações - "muito bem" - da plateia, Passos Coelho garantiu que não beneficiou, com as suas decisões, grupos maiores ou mais pequenos, nem andou a “traficar influências” nem a “pressionar jornalistas para que certas notícias apareçam ou não apareçam”.

Assumindo que preferia centrar o debate na política, o líder social-democrata justificou “alguma chicana política” com o “pouco” que os seus “adversários têm para oferecer”. E garantiu que não vai ceder a pressões: "Não será sob pressão nem ameaças dessa natureza que deixarei de fazer aquilo que o meu dever de consciência mandar".

 Antes deste discurso – que galvanizou os sociais-democratas – já o líder da bancada do PSD, Luís Montenegro, tinha dado um forte sinal de apoio do partido numa altura em que o PÚBLICO revelou que o primeiro-ministro tinha uma dívida à Segurança Social por falta de pagamento das contribuições entre 1999 e 2004 como trabalhador independente. “Temos um líder sério, competente, determinado, com sentido de Estado e temos sobretudo um líder muito bem preparado”, afirmou. Uma declaração que já tem espírito de campanha eleitoral: “Não tenho dúvidas em dizer aos autarcas, deputados e também aos portugueses que o português mais bem preparado para exercer as funções de primeiro-ministro nos próximos cinco anos se chama Pedro Passos Coelho”. 

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