A parceria estratégica que arrastou a PT
O investimento da PT no GES foi uma constante desde o início da década de 2000, mas foi no Verão passado que se percebeu que algo ia correr muito mal, quando vieram a público os investimentos de quase 900 milhões de euros que a Rioforte não reembolsou.
O default da Rioforte e o consequente rombo na Oi foi, de resto, uma das razões apontadas pelos brasileiros para venderem a PT Portugal , num processo do qual a francesa Altice saiu vencedora. A operação de venda (que foi notificada pela Altice na quarta-feira às autoridades europeias da Concorrência) ficou decidida em assembleia geral da PT SGPS em Janeiro e nas assembleias gerais de obrigacionistas da Oi em Fevereiro. Pelo meio, houve renúncias, auditorias e trocas de acusações. Granadeiro foi o primeiro a deixar a PT, em Agosto, renunciando ao cargo de presidente do conselho de administração da PT e de presidente da comissão executiva, ainda antes da assembleia geral de accionistas em que os novos termos da fusão foram aprovados.
Na carta de renúncia, o gestor disse conviver bem com os seus actos, “mas não com os encargos e responsabilidades de outros". Já na recta final da venda da PT Portugal à Altice (numa carta enviada à CMVM no momento da primeira assembleia geral da PT SGPS convocada para aprovar o negócio), o gestor criticou a fusão com a Oi, voltou a assumir parte das responsabilidades pelos prejuízos na Rioforte, mas, desta vez, foi directo nas acusações ao ex-presidente da PT Portugal, que era simultaneamente presidente da Oi - Zeinal Bava. E na próxima quarta-feira será a vez de Granadeiro contar a sua versão dos factos aos deputados da comissão de inquérito (na quinta-feira será a vez de Luís Pacheco de Melo, o ex-administrador financeiro do grupo).
Zeinal Bava acumulou a função de presidente da PT Portugal com a da Oi até Agosto, deixando o cargo na empresa portuguesa em plena crise dos investimentos na Rioforte. Na ocasião, a justificação foi a de que a fusão PT/Oi requeria toda a sua atenção. A Oi disse publicamente que Bava nada sabia sobre os investimentos na Rioforte. Porém, sem qualquer explicação, no início de Outubro (depois dos novos termos da fusão terem sido aprovados em Portugal) o gestor deixou a empresa, tendo-se mantido em silêncio sobre o tema.