Politécnico do Porto quer ter estatuto de universidade
Objectivo da instituição é poder passar a atribuir doutoramentos. Presidente Rosário Gambôa defende reorganização da rede de ensino superior.
Rosário Gambôa lembrou que o IPP está impedido por lei de conferir o grau de doutoramento mas que o está a fazer actualmente, através de parcerias com universidades espanholas. O desejo da instituição em ser uma universidade não tem nada a ver como "querer passar agora para uma liga superior", disse. "Entendemos que o grau de doutor não deve ser banalizado, deve ser um grau conferido às instituições que demonstrem uma enorme competência nas áreas em que se propõem dar o grau", disse, "mas qualquer politécnico, independentemente da área onde está, mesmo que tenha competências, não apresenta propostas para doutoramento". Gambôa, que não tem dúvidas de que as competências existem no IPP, critica que a distinção que existe na lei entre a missão das instituições de ensino superior e de ensino politécnico se resuma "praticamente a esta distinção do grau do doutoramento".
A presidente defendeu também uma reorganização da rede de instituições do ensino superior, afirmando ser necessário "perceber como é que o país pode rentabilizar melhor a sua rede". "Não existe razão para esta distinção entre universidades e politécnicos, porque a maior parte da oferta formativa é igual nas duas, há formações que sempre foram comuns e outras novas que surgiram nos dois lados", sustentou.
Para Rosário Gambôa, é necessário "pegar na rede, compreendê-la e conferir-lhe escala, e isso implicará fazer alguma junção entre algumas instituições". "Uma instituição pequena não consegue reconverter-se, é preciso agrupar as instituições de acordo com os interesses dos territórios, do país e das instituições", sublinhou. Na sua opinião, "é preciso um olhar inteligente, capaz de potenciar as capacidades das instituições", sendo que a reorganização da rede já devia ter sido feita. "É preciso que as instituições sejam avaliadas pelo que são e pelo que podem vir a fazer" e não "por um estigma".
O IPP, que esta quarta-feira comemora o seu 30.º aniversário, é procurado "por aquilo que faz e pelo que é", sendo que "esta visão classista de um ensino superior de 1.ª ou de 2.ª não é compatível com o discurso em simultâneo de que é necessário mais qualificação", concluiu a responsável.