Dos Belle And Sebastian a FKA Twigs: já há cartaz para o Nos Primavera Sound
Interpol, Einstürzende Neubauten, Antony, Run The Jewels, Jungle, Foxygen, Caribou ou Spiritualized são outros nomes que se juntam a Patti Smith para o festival que decorrerá de 4 a 6 de Junho na cidade do Porto.
O cartaz, mesmo antes de o sabermos soletrar, também já suspeitávamos que iria ser apetecível. É sempre. Parte do sucesso da ideia Primavera Sound, iniciada há 14 anos em Barcelona, reside aí: na ligação de confiança que a organização foi estabelecendo com quem tem uma relação de identidade e afinidade com a música.
Mas, como é evidente, saber os contornos exactos do cartaz do Nos Primavera Sound é sempre um aliciante. Nas últimas semanas fomos sabendo que iríamos ter Patti Smith, Ride, Thurston Moore e Sun Kil Moon, mas os restantes nomes só foram divulgados esta sexta-feira, em conferência de imprensa, na Câmara Municipal do Porto.
E claro, como em todos os anos, o cartaz contempla grupos emergentes, gente com percurso consolidado e veteranos que continuam actuais, numa selecção com mais de 50 nomes, a maior parte internacionais, mas também nacionais.
Em termos de géneros musicais as diversas cambiantes do rock são privilegiadas, mas também existe espaço para outras famílias estéticas. Dos nomes sonantes que vão estar em Barcelona – e não figuram no cartaz do Porto – destacam-se os Black Keys, The Strokes e Sleater-Kinney, mas quem estiver no Parque da Cidade, de 4 a 6 de Junho, terá muito para escolher, com quatro palcos (Primavera, Super Bock, ATP e Pitchforkmedia) a proporcionarem concertos em simultâneo.
A começar por essa verdadeira instituição da pop mais alternativa que são os escoceses Belle And Sebastian, que acabaram de lançar o álbum Girls In Peacetime Want To Dance, combinando o lirismo de sempre com alguns elementos que convidam à dança. Consagrados são também os Interpol que, ao lado dos Strokes, são dos poucos sobreviventes da vaga de renascença rock do início dos anos 2000 em Nova Iorque. Quem também anda há décadas a transmitir a genética do rock são os The Replacements, ou numa perspectiva mais híbrida, os também americanos Death Cab For Cutie, que vêm mostrar novo trabalho, Black Sun.
Quem está de regresso, quase duas décadas depois, são as Babes In Toyland, que ganharam protagonismo nos anos 1990 em pleno período grunge, ou seja, o mesmo período temporal que viu surgir os ingleses Spiritualized de Jason Pierce, embora o seu rock cósmico se tenha mantido constante desde então.
Reactivados estão os canadianos The New Pornographers, uma espécie de supergrupo ‘indie’ (com Neko Case ou A.C. Newman), que virá mostrar o álbum de regresso do ano passado, uma viagem pela pop mais harmónica e colorida.
Concertos especiais haverá alguns – a começar pela interpretação integral de Horses de Patti Smith ou de Dubnobasswithmyheadman, o álbum dos ingleses Underworld que conduziu a música de dança para outro patamar – mas talvez o mais singular venha a ser o dos veteranos alemães Einstürzende Neubauten. O grupo de Blixa Bargeld vêm apresentar o seu mais recente álbum, Lament, onde acabam a reinventar os ritmos maquinais da I Guerra Mundial, forma de assinalar o centenário do conflito.
Quem já não necessita de grandes apresentações é Antony And The Johnsons, estrela cintilante da última década devido à singularidade interpretativa e à expressividade emocional da sua música, ou o iconoclasta Ariel Pink, que vem mostrar o recente Pom Pom, rolo compressor de pop desconcertante.
Não muito distante desse cosmos excêntrico apresenta-se outra vez em Portugal, Mac DeMarco, autor de Salad Days, um dos mais soalheiros e desconcertantes álbuns do ano transacto. Das figuras que nunca actuaram em Portugal, talvez a que venha a suscitar mais atenção seja FKA Twigs, a cantora britânica que surpreendeu o mundo o ano passado com o álbum LP1, compêndio de pop electrónica, metalizada e futurista, encenada a partir de cambiantes urbanas, embora os americanos Run The Jewels, autores de um dos discos de hip-hop mais celebrados de 2014, também possam surpreender.
Quem também espantou em 2014 foram os ingleses Jungle com um álbum homónimo de estreia pela via soul-funk, mostrando que ainda há muito por desbravar nesses territórios, o mesmo que os australianos Movement fazem com elegância como é audível no EP de estreia que lançaram em 2014.
Valores seguros são os californianos Foxygen, revitalizadores do rock clássico, os Giand Sand de Howie Gelb, capazes de reavaliarem o cancioneiro americano sempre com grande desenvoltura, ou Damien Rice e José González, garantia de folk intimista.
Para abalos estéticos em palco haverá de contar com o americano Dan Deacon, que se prepara para editar mais um álbum de electrónica desordenada, com os californianos Health, garantia de distorção e percussão arrebatadora, com as Ex Hex, punk no feminino servido em modo de festim, ou com Pharmakon, ou som fora de controlo pela nova-iorquina Chardiet.
Uma das surpresas do corrente ano, no campo do rock com influências pós-punk, os canadianos Viet Cong, que acabaram de editar o álbum homónimo, também estarão presentes, o mesmo acontecendo com os Electric Wizard, uma das bandas que mais fez pela renovação do metal nos últimos tempos.
Para inclinações mais dançantes as atenções estarão viradas para Caribou, ou seja o canadiano Dan Snaith, acompanhado pelo seu colectivo, autor de algumas das canções electrónicas de cariz psicadélico mais estimulantes dos últimos meses, ou para os americanos The Juan Maclean, porta-estandartes da editora DFA depois da extinção dos LCD Soundsystem.
O ano passado houve Caetano Veloso e Rodrigo Amarante, este ano haverá Banda do Mar, projecto luso-brasileiro de Marcelo Camelo, Mallu Magalhães e Fred que tem esgotado salas nas últimas semanas. Quem também está alinhado é o português Bruno Pernadas que conquistou o ano passado com um álbum de estreia camaleónico, da pop ao jazz, e agora terá oportunidade de o revelar no Porto, a cidade de Manel Cruz, que apresentará um concerto especial com paragens pelos projectos (dos Ornatos Violeta a Pluto) onde esteve envolvido.
No total serão cerca de cinquenta concertos para ver ao longo de três dias intensos. Alguns dos melhores poderão estar no lote dos que nomeámos, mas quem sabe se a surpresa não provirá de Baxter Dury, Kevin Morby, The KVB, Ought, Pallbearer ou dos habituais Shellac? No Nos Primavera Sound do Porto é possível cada um desenhar o seu próprio roteiro. A partir de hoje já é possível ter-se uma ideia do que aí vem.
O passe geral para o festival pode ser adquirido pelo preço de 90 euros até 25 de Fevereiro. A partir de dia 26 passa a estar disponível a 105 euros. O Fã Pack FNAC também está disponível até dia 25 a 90 euros.
Cartaz Completo por dias:
Quinta-feira, 4 de Junho: Bruno Pernadas, Caribou, FKA twigs, Interpol, The Juan MacLean, Mac DeMarco, Mikal Cronin, Patti Smith acoustic/spoken.
Sexta-feira, 5 de Junho: Antony and the Johnsons, Ariel Pink, Banda do Mar, Belle & Sebastian, Electric Wizard, Giant Sand, José González JUNGLE, Marc Piñol, Movement, Pallbearer, Patti Smith & Band perform Horses, The Replacements, Run The Jewels, Spiritualized, Sun Kil Moon, Twerps, Viet Cong, Yasmine Hamdan, Younghusband
Sábado, 6 de Junho: Babes In Toyland, Baxter Dury, Damien Rice, Dan Deacon, Death Cab For Cutie, Einstürzende Neubauten, Ex Hex, Foxygen, HEALTH, Kevin Morby, The KVB, Manel Cruz, The New Pornographers, Ought, Pharmakon, Ride, Roman Flügel, Shellac, The Thurston Moore Band, Underworld dubnobasswithmyheadman live, Xylouris White.