Estados Unidos, Reino Unido e França fecham embaixadas no Iémen
Grupo xiita que em Setembro entrou na capital tem consolidado posições. Tribos sunitas do Sul e do Leste estão a armar-se.
Nesta quarta-feira, em Sanaa e noutras cidades realizaram-se manifestações de protesto contra os huthis. Oriundo do Norte, o grupo xiita que em Setembro do ano passado entrou na capital tem consolidado posições no centro. O seu avanço levou tribos sunitas do Sul e do Leste a armarem-se e a estabelecerem alianças com a Al-Qaeda da península Arábica, noticiou a Reuters.
As decisões de encerramento de embaixadas acontecem numa altura em que as Nações Unidas tentam estabelecer diálogo entre facções políticas e os huthis que controlam a capital, Sanaa, e vastas áreas do país. Na semana passada, a milícia anunciou a dissolução do Parlamento.
O primeiro a tomar a iniciativa de fechar a representação diplomática e retirar o pessoal foi o Governo de Washington, na terça-feira à noite, devido à “deterioração da situação de segurança em Sanaa”. Num alerta sobre o risco de viagens para o Iémen, o Departamento de Estado invoca o “nível de ameaça elevada devido às actividades terroristas e à agitação” e recomenda aos norte-americanos para não viajarem para o Iémen. Os que lá estão são aconselhados a “deixar o país”.
Os huthis são antiamericanos e nas suas concentrações cantam slogans como “morte à América”, segundo a Reuters. A retirada da representação dos Estados Unidos pode dificultar a luta contra a Al-Qaeda, muito activa no país, observa a AFP.
O Reino Unido anunciou a suspensão da actividade da sua embaixada e a evacuação temporária. O embaixador deixou a capital nesta quarta-feira e os britânicos que estão no Iémen foram aconselhados a partir “imediatamente”. “O pessoal e as instalações da embaixada correm um risco acrescido”, declarou Tobias Ellwood, secretário de Estado para o Médio Oriente, citado pelo jornal britânico Independent.
A França recomendou aos seus cidadãos, calculados em cerca de uma centena, que deixem o país “imediatamente” e anunciou o fecho da embaixada a partir de sexta-feira e “até nova ordem”.
Um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Alemanha disse à AFP que foram adoptadas medidas de segurança “elevadas” em redor da representação em Sanaa e lembrou que a Alemanha desaconselha firmemente aos seus cidadãos as viagens para o Iémen.
Os xiitas iemenitas, que dizem querer acabar com a corrupção, consolidaram o seu domínio na capital em Janeiro, confirmando o ascendente sobre as debilitadas forças governamentais. O chefe de Estado Abd-Rabbu Mansour Hadi e o Governo, liderado pelo primeiro-ministro Khaled Baha, demitiram-se há três semanas, depois de a milícia que tem laços com o Irão ter assumido o controlo das instalações oficiais, incluindo a Presidência.
Na terça-feira, a ofensiva do grupo xiita no centro culminou com a conquista da estratégica cidade de Baida.
Nesta quarta-feira, em Sanaa e noutras cidades realizaram-se manifestações de protesto contra os huthis. “Não aos huthis, não ao golpe de Estado”, gritaram centenas de jovens reunidos na capital. Segundo a AFP, na principal concentração, milicianos xiitas dispararam e atacaram com armas brancas, para dispersar os manifestantes. Pelo menos quatro pessoas foram feridas.
Na capital ocorreram também outras acções de protesto, contra os huthis e para assinalar o quarto aniversário do início do levantamento que levou mais tarde à saída do poder do ex-Presidente Ali Abdallah Saleh, em 2012. Em Sanaa, desfilaram igualmente milhares de partidários do grupo xiita.
A principal manifestação anti-huthi, com milhares de pessoas, segundo a Reuters, ocorreu em Taiz, no centro do país, cidade não controlada pelos xiitas iemenitas. Há também informação de protestos noutras cidades.