Presidente do Iémen demite-se em plena crise política
Depois de dias de confronto com um grupo xiita, Hadi apresentou demissão. Um dia antes tinha sido anunciado um acordo.
O anúncio foi feito um dia depois de ter sido assinado um acordo entre o grupo xiita que ocupou o palácio presidencial e as autoridades de Sanaa. Primeiro foi o executivo liderado pelo primeiro-ministro, Khaled Baha, a apresentar a demissão para evitar ser “arrastado para um abismo de políticas não construtivas” – uma referência ao confronto dos últimos dias entre o Presidente e o movimento xiita.
A renúncia do Presidente, Abd-Rabbu Mansour Hadi, surgiu pouco depois, através de um assessor governamental. O site da televisão saudita Al-Arabiya refere, porém, que o parlamento rejeitou o pedido de demissão de Hadi.
Washington – aliado do actual regime na luta contra o braço da Al-Qaeda no país – disse estar ainda a tentar confirmar a demissão do Presidente iemenita. A porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Jan Psaki, disse à Reuters que os EUA estão dispostos a ajustar a sua presença no país caso se revele necessário.
A decisão de Hadi foi saudada por um porta-voz do grupo xiita. A sua saída deixa o país num "vácuo constitucional", alertou Basim al-Hakimi, da Conferência para o Diálogo Nacional, citado pela Al-Arabiya.
Desde Setembro que o Ansaruallah controla grande parte da capital do Iémen, mas nos últimos dias avançou para acções mais violentas. Na terça-feira, membros do grupo tomaram as instalações da residência oficial do Presidente e um dia antes tinham disparado sobre a viatura oficial do primeiro-ministro.
Por trás da insurreição do grupo xiita está a sua oposição ao projecto de Constituição que prevê um Iémen federal composto por seis regiões. Uma tal organização do país implicaria que a região de onde são provenientes ficasse sem acesso ao mar – uma das suas principais reivindicações desde que deixou o seu feudo na região montanhosa de Saada, no Norte, para conquistar largas partes do território.
Na quarta-feira, Hadi e o grupo xiita tinham alcançado um acordo, em que eram aceites as condições de maior autonomia para a região, como reivindicava o Ansaruallah.