Linha do Vouga à espera da requalificação, porque “dinheiro já há”

Uma delegação de deputados e jornalistas fizeram esta terça-feira uma viagem no velho Vouguinha, que chega a circular a menos de dez quilómetros/hora nos troços onde a linha está muito danificada.

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Comboio da linha do Vouga Adriano Miranda

Nas palavras de um dos membros da comissão de utentes, Alberto Vidal, o troço que se encontra em pior estado é o que liga Sernada de Vouga a Águeda. A degradação da linha é de tal modo que o comboio chega a circular a menos de dez quilómetros/hora.

”Querem acabar com isto de vez e por isso estão a deixar degradar a linha do comboio. Nós queremos a requalificação da linha para impedir que isso aconteça”, disse Alberto Vidal, um homem que tem uma vida ligada ao caminho-de-ferro e que esta terça-feira alertou a delegação de deputados do PCP para o perigo que as populações correm ao andar de comboio naquela zona.

Inconformado com o facto de a Refer não avançar com a requalificação da linha, que garante estar prometida há muito tempo e para a qual diz haver financiamento no valor de 2,5 milhões de euros, Alberto Vidal chega a dizer que “o que eles pretendem é que ocorra um grande acidente em que a automotora caia e assim têm argumentos para dizer não está em condições e fecha-se”.

A própria comissão de utentes tem feito vários apelos para que os trabalhos de melhoramento da linha avancem e aos deputados disse esperar que este atraso nada tenha a ver com eleições legislativas marcada para este ano. “Se já há dinheiro, por que é que as obras não avançam? Será que estão à espera de outra coisa? Estão à espera de eleições, prometendo ao povo que fazem as coisas e depois de sacarem o voto ao povo estão a marimbar-se?” interroga-se Alberto Vidal.

O deputado e líder da bancada parlamentar do PCP, João Oliveira, encorajou os utentes a lutarem pela requalificação da linha do Vouga porque ela é necessária para as populações. “As pessoas precisam do comboio, as pessoas utilizam o comboio, e, no entanto, essa procura e essa necessidade que é sentida pelas populações de utilizarem o transporte ferroviário esbarra com as opções do governo de degradar intencionalmente as condições de funcionamento da linha do Vouga, procurando criar condições para atingir o objectivo que é o encerramento da linha”, disse o deputado aos jornalistas.

No final de uma viagem de comboio no Vouginha entre Águeda e Aveiro, numa distância de 26 quilómetros, o parlamentar, que juntou três deputados do PCP (João Oliveira, Bruno Dias e Miguel Viegas) e vários jornalistas, o líder da bancada lembrou que o governo inscreveu o encerramento da linha do Vouga no Plano Estratégico de Transportes tem essa intenção assumida há muito tempo, mas a luta das populações tem travado essa opção de encerramento”.

João Oliveira acusou o executivo de maioria PSD/CDS-PP de “estar a impor condições de degradação tal e até em alguns casos comprometendo a segurança que acaba por prejudicar o serviço que é prestado às populações”. Desta forma as “populações acabam por se afastar do transporte ferroviário, sendo que em alguns casos ele é a única solução para as pessoas se deslocarem”.

Questionado se a segurança dos passageiros está em risco, o deputado respondeu que “em alguns casos por razões de segurança o comboio não pode ultrapassar a velocidade de 20 quilómetros hora”. Meia hora antes, no encontro que ocorreu no apeadeiro da Aguieira, em Mourisca do Vouga, elementos da comissão de utentes tinham afirmado que no troço mais degradado a velocidade não ultrapassa os dez quilómetros/hora.

João Oliveira sustenta que “é preciso uma política inversa àquela que o governo tem seguido”, apelando a que se faça um “investimento na linha, não só do ponto de vista das condições de segurança, mas também de modernização e de prestação de melhor serviço público”. Um apelo que se seguiu depois de ter afirmado que a “última vez que os comboios foram modernizados foi em 1991 na Sorefame”.

A linha de caminho de ferro onde o comboio Vouginha circula linha foi inaugurada em 1908.

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