BESI vai ser vendido aos chineses do Haitong

Se a transacção se concretizar a equipa de José Maria Ricciardi, que liderou a negociação, deverá manter-se em funções.

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Ricciardi diz que devem estar reunidas as condições para a venda do Novo Banco até ao Verão Enric Vives-Rubio

Os quadros de topo do BESI, que é detido pelo Novo Banco, deverão manter-se à frente da instituição, estando a ser equacionada a possibilidade de poderem reservar para si uma fatia do capital do banco.

A notícia, avançada pela SIC Noticias, já foi confirmada pelo PÚBLICO. Não há valores em cima da mesa, mas admite-se que possa situar-se à volta de 500 milhões de euros.

De acordo com as regras do Fundo de Resolução que gere o Novo Banco, que detém 100% do Banco Espírito Santo Investimento (BESI), todas as transacções acima de 100 milhões de euros têm obrigatoriamente de passar pelo crivo do supervisor antes da sua concretização. Cotado na bolsa de Hong Kong, o Haitong International Securities Company Limited é uma subsidiária da Haitong International e actua na área financeira.

Também o dono do BESI, o Novo Banco, é alvo de cobiça de um grupo chinês. A TVI noticiou esta quarta-feira que a Fosun (que comprou a Fidelidade e a Espírito Santo Saúde) poderá apresentar uma proposta de 3500 milhões de euros pela instituição. Em declarações à Bloomberg, em Outubro, o administrador financeiro da Fosun já tinha manifestado interesse no Novo Banco, cujo processo de venda deverá arrancar nos próximos dias.

Em entrevista à TVI, esta quarta-feira, o presidente do Novo Banco, Eduardo Stock da Cunha, comentou o interesse da Fosun como tratando-se de uma "boa notícia", mas disse que qualquer interessado terá de "ir para a fila" quando o processo de venda do banco começar. O que está na iminência de acontecer.

O anúncio que marca o início do processo de venda já foi publicado, ficando expresso que as manifestações de interesse terão de ser apresentadas até ao dia 31 de Dezembro. No entanto, o processo de venda só será desenvolvido no segundo trimestre de 2015. Quem tenha tido 2% do capital, ou mais, do BES nos dois anos anteriores à criação do Novo Banco não poderá concorrer. É o caso, por exemplo, do brasileiro Bradesco e do francês Crédit Agricole. A alienação está a cargo do BPN Paribas.

Menos 10.000 milhões
Em Junho, o BES tinha 35.932 milhões de euros em depósitos. A 4 de Agosto, após a intervenção do Banco de Portugal, que dividiu a instituição em duas partes, criando o Novo Banco, este tinha 27.281 milhões em depósitos no grupo e 26.847 milhões a nível nacional. Assim, em cerca de um mês, houve uma diminuição da ordem dos 10.000 milhões de euros, explicada pela saída de dinheiro para outras instituições no auge da crise e, também, devido às alterações ligadas à intervenção (o Novo Banco é mais pequeno do que era o Grupo BES).

Seja como for, são números de enorme dimensão, e que mostram os impactos do que estava a acontecer à instituição financeira que Ricardo Salgado liderou. Os dados do Novo Banco constam de documentação divulgada ontem à noite pela instituição liderada por Stock da Cunha, e ligada à auditoria feita pela consultora PwC.

Já o Banco de Portugal enviou um comunicado com da avaliação realizada pela PwC, afirmando que esta, conduzida entre Agosto e Novembro por uma equipa de 200 auditores, identificou “necessidades de ajustamento, em base consolidada, no valor agregado de 4937 milhões de euros”. Como já foram aplicados 4900 milhões, via Fundo de Resolução, estes ajustamentos apurados são “integralmente acomodáveis” pelo Novo Banco, diz o regulador.

Devido ao efeito de impostos, o total de ajustamentos líquidos é de 3725 milhões. A principal causa dos impactos negativos são as “aplicações no mercado monetário” (exposição ao BES Angola), com 2750 milhões; imparidades de créditos a clientes, com 1204 milhões; e activos imobiliários, com 154 milhões.

 


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