6.º ano: Só 1% das públicas consegue melhores resultados nos exames do que na escola

Em 22% dos casos dos privados, os alunos obtiveram notas mais altas nas provas nacionais.

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Fernando Veludo/arquivo

No total das 1155 escolas, públicas e privadas que levaram os alunos a exames no final do 2.º ciclo, existem 17 onde as diferenças entre as notas são de 1 ou mais valores. Por exemplo, na secundária Fonseca Benevides, em Lisboa, a média interna dos oito alunos foi de 3,31 (numa escala de 1 a 5) e, chegados ao exame, ficaram-se pelos 2,13. Nesta lista está apenas uma privada, o Colégio Eduardo Claparede em que só um aluno marcou presença nos exames nacionais, saiu da escola com 4 valores e obteve 3 de média nas duas provas.

As quatro escolas públicas que tomam a dianteira dos rankings fazem parte do 1% cujos alunos conquistaram notas mais altas nos exames. A saber, a Escola Artística do Conservatório de Música Calouste Gulbenkian, Braga, onde a média nos exames foi de 3,74 e na escola os 50 alunos se ficaram pelos 3,62; a EB Campo Aberto, Beiriz (3,73 nos exames e 3,42 de média na escola); a EB Vasco da Gama, Lisboa (3,63 nas provas e 3,61 de média final); e a EB Eugénio de Castro (3,62 nos exames e 3,59 na escola).

Também as privadas que ocupam o topo da lista fazem parte deste grupo. A primeira é o Externato O Mundo da Criança, em Torres Vedras, onde os sete alunos conseguiram uma média de 4,64 e traziam 4,21 de média da escola. A excepção é o Colégio de Terras de Santa Maria, em Aveiro, que é a primeira da lista das escolas que fazem mais de 50 exames – os alunos traziam uma média de 4,41 da escola e ficaram-se pelo 4,15.

No final da lista das 1081 escolas onde as notas internas são superiores às externas – 182 privadas (75% das do ensino particular) e 900 públicas (98% do público) ficam aquelas com alguns dos piores resultados nos exames nacionais e que revelam uma maior diferença entre os dois momentos de avaliação. São, por exemplo, escolas em zonas deprimidas. João Reis, director da EBI Ponta da Garça, Açores, insurge-se: “É faccioso porque só olham para números e não para o contexto.” E neste caso, o meio é rural com pais sem a escolaridade obrigatória e desempregados, onde não há contacto com o exterior. O mesmo cenário é descrito por Luís Brito, director da EB Padre Joaquim Maria Fernandes, Sousel, onde mais de 60% dos 490 alunos recebe apoio social.

A escola inflaciona as notas? Não, respondem os directores. No caso da básica açoriana 20% da avaliação é a componente “sócio-afectiva” e essa não existe num exame. A avaliação é contínua e avaliam-se competências como as atitudes e comportamentos ou a oralidade, diferente da prevista num exame que é nacional. Este é “igual para todos, seja para estes alunos, seja para os dos colégios de Lisboa”, responde João Reis. Já na escola de Sousel são muitos os que deveriam estar abrangidos pela lei que contempla as crianças com necessidades educativas. Ou seja, têm adaptações mas depois são obrigadas a fazer exames, justifica Luís Brito. E mais: há alunos que é preciso ir buscar a casa para fazerem o exame e outros que adormecem durante a prova, revela João Reis, explicando: "Não dão valor à escola e quando dão, já é tarde de mais." Também o único aluno da Escola Eduardo Claparede, Lisboa, foi com um 4 a exame e teve 3 de média às duas disciplinas. Esta é uma escola de ensino especial e quando tem algum estudante a ir a exame, tem de ir à pública mais próxima. “A mudança de ambiente é um factor condicionante”, justifica a directora Isabel Vaz Pereira.

Ao longo do ano, avaliam-se competências como atitudes e comportamentos ou a oralidade, recorda Rodrigo Queiroz e Melo, director-executivo da Associação dos Estabelecimentos do Ensino Particular e Cooperativo (Aeep).

São oito as escolas onde as notas são exactamente as mesmas, cinco privadas e três públicas.

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