Auxiliar espanhola que sobreviveu ao ébola nega ter tocado com as luvas na cara
Na primeira entrevista depois de dada como curada, Teresa Romero nega as explicações inicialmente avançadas e garante que alertou o centro de saúde para o contacto que teve com doentes com ébola.
Teresa Romero, que falava ao diário espanhol El Mundo, negou as versões dadas em entrevistas anteriores ao seu prognóstico se ter agravado, quando se chegou a avançar que as lesões internas poderiam ser irreversíveis. Agora, dada como curada depois de dois testes negativos, mas ainda em isolamento por ainda ter vírus mortos em circulação, a auxiliar de enfermagem diz que não se lembra das conversas com os jornalistas e assegura que cumpriu as regras de segurança das duas vezes que entrou no quarto de um dos missionários – uma das quais depois da morte de Manuel García Viejo, precisamente para limpar a divisão e onde terá permanecido 50 minutos.
A auxiliar adiantou, ainda, que no primeiro contacto com o centro de saúde alertou o médico para o contacto com doentes de ébola, mas que regressou a casa apenas com parecetamol, um medicamento que pode mascarar os sintomas do vírus e atrasar o diagnóstico. Esta versão, diferente da inicial, contraria o que chegou a ser avançado pelas autoridades espanholas, de que Romero teria omitido o risco nos contactos com os serviços de saúde. A doente critica também o facto de o seu cão ter sido abatido, uma informação que só lhe foi transmitida pelo marido agora que melhorou.
Sobre este caso e os contágios de profissionais de saúde em geral, o presidente da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública (ANMSP) sublinha que “até de forma inconsciente se pode levar uma mão ao olho” – o que é suficiente para ficar infectado pelo vírus do ébola. Mário Durval recorda imagens que tem visto na televisão relacionadas com o combate à epidemia nos países da África Ocidental e que mostram acidentes ou falhas “difíceis de eliminar”. “Num caso surgiu um profissional fardado que ainda com as luvas postas abriu a porta de uma carrinha e entrou e saiu várias vezes. Naturalmente que qualquer pessoa que vá a seguir pegar na manete de abertura que fica em risco de ser contaminada”, exemplifica o médico.