ONU pediu mil milhões de dólares para combater o ébola e só recebeu cem mil

Conselho de Segurança critica insuficiência da resposta internacional na luta contra a epidemia.

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ONU pediu mais ajuda internacional para conter a propagação do ébola em África James Giahyue / Reuters

O fundo foi lançado a 16 de Setembro pelo Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários das Nações Unidas, que avisou ser esse o montante necessário para conter o vírus durante os seis meses seguintes. Um mês depois, apenas a Colômbia contribuiu directamente para o fundo, segundo os dados da ONU.

Nas últimas semanas foram doados cerca de 285 milhões de euros para combater o ébola na África ocidental – onde se situam os países mais afectados pelo ébola –, mas esse dinheiro foi sobretudo canalizado através de agências da ONU ou organizações não-governamentais locais, diz a AFP. Para além desta quantia foram prometidos 159 milhões de euros adicionais, mas que ainda não chegaram às Nações Unidas, segundo a Reuters.

No entanto, o enviado especial da ONU para o ébola, David Nabarro, insistiu esta quinta-feira que o fundo permite “flexibilidade na resposta à crise que cada dia traz novos desafios”. "Temos esperança de que nos próximos dias e semanas iremos ver mais países a investir no fundo, usando este mecanismo para apoiar a resposta coordenada da ONU no terreno", acrescentou o enviado especial.

O secretário-geral da ONU afirmou que a falta de apoio para o combate ao ébola “é um problema muito sério” e apelou à solidariedade mundial. “É tempo de os países que têm realmente capacidade garantirem apoio financeiro e logístico” para conter o vírus, que já provocou 4500 vítimas mortais, principalmente na Libéria, Guiné-Conacri e Serra Leoa.

O Conselho de Segurança da ONU já tinha avisado esta semana que “a resposta da comunidade internacional foi, até ao momento, insuficiente” e aprovou por unanimidade uma declaração em que apelava aos países-membros para que “acelerem de maneira espectacular a ajuda financeira e material” aos países mais atingidos.

Os alertas foram partilhados por outros líderes mundiais esta semana, que disseram que a doença viral “é a mais grave urgência sanitária dos últimos anos”.

A revelação feita por Ban Ki-moon despertou um coro de críticas à resposta internacional à epidemia do ébola. Kofi Annan, antigo secretário-geral da ONU, disse estar “altamente desapontado” com a forma como tem sido conduzido o processo. “Se a crise tivesse atingido outra região, provavelmente teria sido tratada de forma muito diferente”, disse durante o programa BBC Newsnight.

Para o presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim, o apoio ao combate ao ébola “não se trata de uma questão de o fazer ou não”. “É apenas uma questão de quando é que pagaremos o preço por isso”, avisou, durante uma conferência organizada pela Reuters. “Os países têm de apoiar o fundo da ONU, têm de se chegar à frente e pôr [nele] dinheiro imediatamente”, apelou Kim.

Para lidar com a propagação da epidemia, o Presidente dos EUA, Barack Obama, está a ponderar nomear um “czar” para o ébola, alguém responsável para liderar a resposta a nível doméstico. Obama descartou, porém, a aplicação de uma proibição à entrada nos EUA de pessoas provenientes das regiões mais afectadas.

A morte de um homem infectado em Dallas e a contaminação de duas das enfermeiras que o trataram têm aumentado a preocupação nos EUA.

A Casa Branca também autorizou o envio de reservistas do Exército para a África ocidental para ajudar nos esforços de contenção da epidemia e que se vão juntar ao contingente de 4800 soldados norte-americanos que já estão a caminho da região.

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