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Em dia de “enchentes”, houve alguns atrasos e incidentes nas eleições em Moçambique

Votação decorreu sem sobressaltos na maior parte das mais de 17 mil mesas de voto instaladas para um número de eleitores que ultrapassa os dez milhões.

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Asssembleia de voto em Maputo GIANLUIGI GUERCIA/AFP

Não foi só em Maputo que se registaram “enchentes” logo nas primeiras horas das eleições – presidenciais, legislativas e provinciais – em que, apesar de atrasos e alguns incidentes, a votação decorreu com normalidade na maior parte das mais de 17 mil mesas de voto instaladas para um número de eleitores que ultrapassa os dez milhões. As urnas encerraram oficialmente às 18h locais (17h em Lisboa), mas a votação foi prolongada em assembleias de voto onde ainda havia eleitores a aguardar. Até ao princípio da noite não tinham sido divulgadas informações sobre taxas de participação.

O Centro de Integridade Pública (CIP) e a Associação dos Parlamentares Europeus (AWEPA), que estão a monitorizar as eleições em Moçambique, informaram que dezenas de assembleias, maioritariamente no Centro e Norte, não abriram à hora prevista, por motivos como a falta ou troca de cadernos eleitorais. Numa escola da cidade da Beira, a votação  começou com seis horas de atraso.

Mais grave foi o que aconteceu no distrito de Tsangano, Tete, onde “boletins de voto foram vandalizados e queimados” por membros da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana, oposição), em assembleias localizadas em três escolas, por alegadamente terem sido colocadas em assembleias de voto urnas “enchidas de boletins previamente preenchidos”. Há notícia de dois feridos, 11 detenções e da fuga de uma agente da polícia, que terá abandonado a arma. Um episódio de alegada tentativa de fraude semelhante foi referenciado em Tsuende, também no distrito de Tsangano. Na Beira, no posto de votação da Munhava, foi detido um homem que não integrava as equipas eleitorais e foi encontrado com seis urnas vazias.

Mais de 400 observadores moçambicanos não puderam acompanhar desde o início a votação em Nampula, principal círculo eleitoral, Cabo Delgado e Sofala, por demora na credenciação. Membros da missão de observadores da União Europeia foram, alegadamente por “falta de carimbo” nas suas credenciais, impedidos de trabalhar na província de Tete, informou também o boletim da CIP e da AWEPA.

Os partidos da oposição parlamentar queixaram-se de dificuldades na creditação de delegados e membros de mesas de voto. A Comissão Nacional de Eleições responsabilizou as forças políticas pelo atraso e informou que já com a votação a decorrer estava a receber listas de delegados das candidaturas.

Ao votar, Filipe Nyusi, candidato da Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique, no poder), manifestou confiança no triunfo. “Naturalmente que vamos vencer sim. Penso que tivemos um bom trabalho, e o resultado positivo que esperamos será deste candidato que estão a ouvir”, disse, citado pela agência noticiosa AIM.

Pouco antes, tinha votado na mesma escola Afonso Dhlakama, que pela quinta vez concorre à Presidência. O líder da Renamo afirmou confiar que o país tenha “pela primeira vez, eleições livres, justas e transparentes, porque as anteriores não passaram de mera fantochada”.

Daviz Simango votou na Beira, onde é presidente da câmara. E apelou a que o escrutínio seja “transparente, justo e que as autoridades policiais se afastem” do processo. Numa entrevista à AFP, o líder do MDM (Movimento Democrático de Moçambique, terceira força política) manifestou-se preocupado com uma eventual reacção violenta dos dois principais partidos a um desaire eleitoral.

Concorreram às eleições 30 partidos e coligações, mas só Frelimo, Renamo e MDM se apresentaram em todos os 11 círculos eleitorais do país e nos de África e Resto do Mundo. Os resultados deverão ser anunciados oficialmente na sexta-feira.

 

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