Ban foi a Gaza ver situação “com aperto no peito”

O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, visitou esta terça-feira a Faixa de Gaza. Viu uma situação para a qual “não há palavras”.

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O secretário-geral da ONU fez uma visita sob fortes medidas de segurança Suhaib Salem/Reuters

Numa visita curta com fortes medidas de segurança, Ban viu algumas das zonas mais destruídas durante os 50 dias de guerra entre o Hamas e Israel. “Estou com um aperto no peito”, reagiu o secretário-geral da ONU, citado pela Reuters. “Não há palavras para descrever esta destruição que vi.”

Durante a última ofensiva israelita na Faixa de Gaza, neste Verão, foram destruídas mais de 20 mil casas e ainda mais de mil edifícios industriais e 4200 lojas ou outros estabelecimentos comerciais. Infra-estruturas chave como a única central eléctrica de Gaza ficaram muito danificadas, assim como quilómetros e quilómetros das redes de águas e esgotos. O conflito terminou com mais de 2000 mortos do lado palestiniano (segundo a ONU, 70% das vítimas eram civis), e 72 do lado de Israel (dos quais 66 eram soldados).

Há ainda cerca de 2,5 milhões de toneladas de destroços que têm de ser removidas. Estima-se que sejam precisos vários anos para a reconstrução – e muito depende do ritmo a que cheguem materiais ao território.

Para Israel, é problemático deixar entrar cimento para o território – afinal, nesta guerra foram destruídos mais de 30 túneis usados pelo Hamas para entrar secretamente em Israel, feitos com cimento que escapou ao controlo nos últimos anos. O Estado hebraico exige supervisão apertada destes materiais e do dinheiro que chegue à Faixa de Gaza para que não seja usado para comprar armas.

Esta terça-feira, Ban anunciou que estava desbloqueada por Israel a entrada de 15 camiões com cimento, dez com ferro e 50 com gravilha. Os camiões aguardavam luz verde para entrar desde antes da guerra, e o material destinava-se a construção privada.

Durante a sua visita, Ban encontrou-se com membros do governo de unidade palestiniano - com membros do Hamas e da Fatah -, que é formado sobretudo por tecnocratas, e que se reuniu na semana passada pela primeira vez para admitir que a Autoridade Palestiniana (e não o Hamas) seja responsável pela reconstrução e entrada dos materiais na Faixa de Gaza. “A comunidade internacional apoia os esforços do vosso governo para assumir a segurança e governação de Gaza”, disse.

Ban Ki-moon é o último alto responsável internacional a fazer uma rara visita a Gaza. Catherine Ashton, alta representante para a política externa da União Europeia, fez uma visita em 2010 pedindo o fim do bloqueio de Israel e do Egipto ao território, e novamente no dia dos refugiados em 2013.

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