Sondagens dão ligeira vantagem a Aécio mas Dilma segue muito próxima
Menos de uma semana depois da primeira volta das presidenciais, as sondagens dão um empate técnico entre os dois candidatos. Aécio beneficia da popularidade conquistada na recta final da campanha.
O equilíbrio é grande até entre as diferentes sondagens eleitorais: 46% para Aécio e 44% para Dilma. São estes os valores apontados pelos inquéritos da Datafolha e do Ibope, cujos resultados foram revelados na quinta-feira à noite.
Apesar da vantagem do candidato do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), as intenções de voto encontram-se dentro da margem de erro de dois pontos percentuais. Retirados os votos brancos, nulos e de indecisos, Aécio fica com 51% e Dilma com 49%, o que aponta para um empate técnico.
Ambas as candidaturas reagiram à divulgação das sondagens, com os dois candidatos a sublinharem que o caminho até dia 26 de Outubro ainda é longo. “Não nos abalemos”, disse ao Globo Rui Falcão, presidente nacional do Partido dos Trabalhadores (PT). “A onda que se fez esta semana era para colocar [Aécio] dez pontos à frente”, acrescentou.
O candidato “tucano” (em referência ao símbolo do PSDB) afirmou que “as sondagens mostram que a eleição já virou” e admitiu que os resultados são animadores.
As primeiras sondagens depois da primeira volta das eleições – que Dilma venceu com 42%, seguida de Aécio com 34% e Marina Silva com 21% – já têm um traço histórico. Pela primeira vez desde 1989 as sondagens da Datafolha apontam para a vitória na segunda volta do candidato que ficou em segundo lugar na primeira eleição, de acordo com o jornal Folha de São Paulo.
Os resultados revelam ainda uma intensificação das tendências já evidenciadas na primeira volta, no que toca às franjas sociais de apoio aos candidatos. Aécio vence nos estados mais populosos e ricos do Sul, do Sudeste e do Centro Oeste, enquanto Dilma tem vantagem no Norte e no Nordeste. Em termos etários, os eleitores mais novos manifestam preferência pelo candidato social-democrata, enquanto a Presidente merece a confiança dos brasileiros com mais de 45 anos.
A sondagem do Ibope, encomendada pela TV Globo e pelo jornal Estado de São Paulo, inquiriu 3010 pessoas, enquanto a da Datafolha, encomendada pela Folha, abrangeu 2879 eleitores.
Com tanto equilíbrio entre os eleitores brasileiros torna-se impossível fazer qualquer previsão nesta altura, observam vários especialistas, que dizem que o efeito da primeira volta ainda está bastante presente. “Aécio teve um crescimento vertiginoso na última semana e isso fica na memória do eleitor”, nota o professor do Insper Carlos Melo, citado pelo Globo, que acrescenta ser “temerário” fazer qualquer prognóstico.
Numa eleição que promete ser renhida, todos os votos vão ser preciosos e, por isso, o coordenador da Fundação Getúlio Vargas, Marco Antônio Teixeira, sublinha a importância dos 6% de indecisos apontados pelas sondagens. “O voto mais volátil está entre aqueles que avaliam o governo como regular, que são 40%”, acrescentou.
Um factor que ainda pode alterar o rumo da campanha é o apoio que Marina Silva, a candidata derrotada do Partido Socialista Brasileiro, entender dar. Segundo a Datafolha, 66% dos inquiridos que votaram na ecologista apoiam agora Aécio Neves, contra os 18% que pensam em votar na Presidente, havendo ainda 10% de indecisos. Mais relevante talvez sejam os 18% que dizem poder vir a votar no candidato que venha a merecer o apoio de Marina.
Efeito Petrobras
As sondagens foram realizadas numa semana em que foram feitas importantes revelações no âmbito da investigação ao escândalo de corrupção que envolve dirigentes do PT e a Petrobras – a gigante estatal do sector petrolífero.
O partido da actual Presidente brasileira é acusado de receber parte, e às vezes até a totalidade, das comissões previstas pelos contratos feitos pela empresa estatal. Estas alegações foram feitas pelo director de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, que está a ser ouvido no âmbito das investigações.
“Em relação à Directoria de Serviços, todos sabiam, tinha percentual desses contratos da área de Abastecimento: dos 3%, 2% era para atender ao PT. Outras directorias como Gás e Energia, Exploração e Produção, também eram do PT. Tinha PT na directoria de Exploração e Produção, PT na directoria de Gás e Energia e PT na área de Serviço”, contou o responsável, que está a depor para ver reduzida a sua pena.
O partido de Dilma Rousseff negou com “veemência e indignação” as acusações de Paulo Roberto Costa, que considerou “caluniosas”. Num comunicado de imprensa assinado pelo presidente nacional, Rui Falcão, o PT entende ser “estranha a repetição de fugas dos depoimentos no Judiciário, tanto mais quando se trata de acusações sem provas”.