Como vai ser a escola daqui a cinco anos? Mais tecnológica e digital
Integrar na formação dos professores a utilização das tecnologias da informação e da comunicação é um desafio considerado premente. Relatório da Comissão Europeia analisa impacto que evolução tecnológica terá no ensino nos próximos cinco anos.
"É necessário tomar medidas urgentes para promover a inovação nas salas de aula”, recomendam no Horizon Report Europe, no qual um conjunto de 53 especialistas analisou as tendências previstas para os próximos cinco anos nas escolas primárias e secundárias dos 28 países da União Europeia.
De acordo com informação divulgada pela representação da Comissão Europeia em Portugal, as “baixas aptidões e competências digitais dos alunos” e a “necessidade de integrar na formação dos professores a utilização eficaz das tecnologias da informação e da comunicação” são alguns dos desafios identificados como mais “prementes”, embora “solucionáveis”.
O painel de especialistas prevê que, dentro de um ano ou menos, a utilização de tablets e de serviços online venha a ser comum em muitas escolas europeias, de forma usar aplicações do Google, o Skype e o Dropbox. Além disso, a aprendizagem através de jogos de computador e a combinação de métodos de ensino tradicional e virtual deverão passar a fazer parte do ensino nos próximos dois a três anos. Os especialistas estimam ainda que, dentro de quatro a cinco anos, haverá “laboratórios virtuais e remotos” nas escolas.
Estas são apenas algumas das tendências identificadas neste primeiro Horizon Report Europe: 2014 Schools edition, da Comissão Europeia e do New Media Consortium, que insta as escolas a darem resposta ao “complexo” desafio das competências digitais. E que conclui que “é necessário tomar medidas urgentes para promover a inovação nas salas de aula, com o objectivo de tirar partido de uma maior utilização das redes sociais e dos recursos educativos abertos”.
A comissária europeia responsável pela Educação, Cultura, Multilinguismo e Juventude, Androulla Vassiliou, considera que “este relatório fornece informações valiosas e orientação para os responsáveis políticos e dirigentes escolares sobre a necessidade de recorrer a recursos digitais e abertos”. E acrescenta: “É fundamental trabalharmos para melhorar as competências digitais e o acesso aos recursos digitais e abertos, não só para reforçar a qualidade do ensino, mas também para criar modelos flexíveis em matéria de educação, tornando assim mais fácil a aprendizagem ao longo da vida.”
Facebook
Os especialistas concordaram que há duas grandes tendências iminentes: a mudança do papel dos professores, como resultado da influência das tecnologias da informação e comunicação, e o impacto das redes sociais, como o Facebook ou o Twitter, que já estão a encontrar o seu caminho para entrar nas salas de aula. Aliás, no relatório chama-se a atenção para o facto de as redes sociais proporcionarem, nas escolas, feedback e sugestões, permitindo o diálogo entre estudantes, pais, professores e instituição, de uma maneira menos formal.
Todas estas questões serão discutidas com mais profundidade em Dezembro, no âmbito da conferência europeia Educação na era digital, organizada pela Comissão Europeia e pela presidência italiana da União Europeia.
O Horizon Report Europe não é alheio aos objectivos da iniciativa Abrir a Educação, da Comissão Europeia que criou, nesse contexto, o site Open Education Europa. Esta iniciativa tem como objectivo impulsionar a inovação e as competências digitais nas escolas e universidades, tendo em conta que 63% das crianças com nove anos da União Europeia estão em escolas que ainda não estão digitalmente equipadas e tendo em vista que as escolas e as universidades devem estar preparadas para dar uma educação que responda às competências digitais que 90% dos postos de trabalho exigirão até 2020.
Outros dados salientados pela Comissão Europeia, a propósito da iniciativa Abrir a Educação, mostram que entre 50% a 80% dos estudantes dos países da União Europeia nunca usaram livros digitais, podcasts, jogos de aprendizagem, entre outros. Aliás, 20% dos estudantes do secundário nunca, ou raramente, usaram um computador nas aulas. Só uma em quatro crianças de nove anos estuda numa escola altamente equipada do ponto de vista digital e, no que toca a adolescentes de 16 anos, só metade está em estabelecimentos de ensino altamente apetrechados. A comissária para a Agenda Digital, Neelie Kroes, já disse que o seu “sonho” era que até 2020 todas as salas de aulas incluíssem esta vertente digital.
Ainda a propósito da iniciativa Abrir a Educação, a Comissão Europeia lembra que a maioria dos professores do ensino primário e secundário não se considera “digitalmente confiante” ou capaz de ensinar de forma eficaz as competências digitais e que 70% gostariam de ter mais formação em tecnologias de informação e comunicação.
A Comissão Europeia, que vai divulgar, para o ano, recomendações acerca do tema, está preocupada com o facto de, apesar de vivermos em sociedades em que cada vez mais pessoas “de todas as idades usam as tecnologias digitais”, muitas crianças, quando vão para a escola, entram num sistema que não reflecte essa realidade.
Alguns projectos ligados a esta iniciativa Abrir a Educação vão ter financiamento, através de programas e fundos europeus. Por exemplo, o Erasmus+ vai disponibilizar fundos para profissionais ligados à Educação poderem, entre outras possibilidades, frequentar cursos online.