Mais de metade dos portugueses não tem capacidade para lidar com tecnologias digitais
Iliteracia digital impede acesso a áreas de emprego em crescimento contínuo.
Os números agora avançados pela Comissão Europeia mostram que 40% ou mais da população em países como Itália, Grécia, Bulgária e Roménia não tem capacidade para interagir com o mundo online. A percentagem aumenta para mais do dobro em alguns Estados-membros da UE quando se fala em falta de literacia digital no total da população (85%) e na força de trabalho (83%).
Portugal está entre os 11 países onde mais de 50% da população não tem capacidade digital suficiente, ao lado da Bulgária, Chipre, República Checa, Grécia, Croácia, Itália, Lituânia, Polónia, Roménia e Eslovénia. A Comissão Europeia conclui que 47% dos europeus estão nesta situação.
Os números mais recentes, de 2013, mostram que 33% dos portugueses nunca utilizou a Internet (média europeia é de 20%), enquanto 58% usa a web a um nível semanal, muito menos que o total da UE (72%). A percentagem desce se medido o número de portugueses que estão online diariamente (48%), mais uma vez menos que a média europeia (62%).
Ainda em Portugal, o desempenho no mundo digital fica aquém do esperado para mais de metade da população. Dados citados pela Comissão Europeia esta quarta-feira, indicam que 55% dos portugueses tem baixa ou nenhuma habilidade para lidar com tecnologias digitais, valor que desce para 48% quando é analisado o número de trabalhadores sem a mesma capacidade, percentagem superior à média da UE (39%). Segundo uma consulta da Comissão Europeia, no ano passado, 62% dos proprietários de casas sem acesso à Internet justificaram não estarem ligados online por não o saberem fazer.
Iliteracia digital quando aumenta emprego em TIC
Os números de iliteracia digital contrastam com o aumento do emprego na área das TIC. Segundo a Comissão Europeia, desde 2000, o número de empregos de pessoas qualificadas neste sector cresceu para mais de dois milhões e a empregabilidade na área está a crescer sete vezes mais que outros sectores do mundo do trabalho. Cargos em programação informática, processamento e armazenamento de dados, serviços financeiros e de negócio, são alguns dos que registaram um nível de emprego mais elevado de TIC.
Comparando os actuais valores de falta de qualificação digital com o crescente pedido de empresas para preencher vagas na área das TIC, conclui-se que haverá incapacidade para responder a ofertas de trabalho entre 2015 e 2020 (por exemplo, no Reino Unido podem chegar às 250 mil e na Alemanha a 150 mil), caso não sejam aplicadas medidas que travem esta discrepância.
Em Portugal, a percentagem de especialistas em TIC empregados era de 1,7% em 2012, abaixo da média europeia de 2,8%.
A vice-presidente da Comissão Europeia e responsável pela Agenda Digital, Neelie Kroes, sublinha que “existem várias iniciativas na UE para ajudar os governos nacionais e organizações privadas a responder a essas falhas como a Opening up education, learning to code, Get Online Week, eSkills for Jobs e a Grand Coalition for Digital Skills and Jobs".