Obama admite que subestimou poder do Estado Islâmico

Presidente dos EUA disse em entrevista que “caos” da guerra civil na Síria foi responsável pela emergência do grupo jihadista.

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Obama reconhece a necessidade de uma intervenção militar Kevin Lamarque/REUTERS

Foi durante uma entrevista no programa 60 Minutes que Obama respondeu a comentários do director nacional dos serviços secretos, James Clapper, que disse que os EUA subestimaram o poderio do Estado Islâmico e sobrestimaram a força do exército iraquiano.

“É absolutamente verdade”, disse Obama, que justificou esse erro de julgamento com “o caos da guerra civil síria”.

“Tínhamos a Al-Qaeda no Iraque, que era um grupo perverso, mas os nossos fuzileiros foram capazes de os dominar com o apoio das tribos sunitas. Eles recuaram mas, nos últimos anos, durante o caos da guerra civil síria, onde tínhamos áreas enormes do país completamente ingovernáveis, eles conseguiram reconstituir-se e tomaram vantagem desse caos”, explicou Obama durante a entrevista.

O crescimento do poder do Estado Islâmico – que conta com mais de 30 mil efectivos, de acordo com os serviços secretos norte-americanos – deve-se a um método de recrutamento “muito engenhoso”, disse ainda Obama.

O grupo conseguiu “atrair combatentes estrangeiros que acreditam nos seus disparates jihadistas e viajaram de todo lado, desde a Europa, dos EUA, da Austrália ou de outras partes do mundo muçulmano, convergindo para a Síria”, que se tornou no “ponto de partido para jihadistas de todo o mundo”. As estimativas da União Europeia indicam que há cerca de 3 mil europeus a lutar nas fileiras do Estado Islâmico. O Conselho de Segurança da ONU aprovou na semana passada uma resolução proposta por Washington para que sejam tomadas medidas para travar o ingresso de cidadãos no Estado Islâmico.

Desde Junho que o grupo controla uma grande área de território, que abrange o Norte do Iraque e o Leste da Síria – incluindo algumas das zonas petrolíferas mais importantes. Os EUA têm bombardeado as posições do Estado Islâmico no Iraque há já várias semanas e, nos últimos dias, expandiram os ataques também à Síria, contando com o apoio de uma coligação internacional composta por países árabes e europeus – estes últimos recusam-se, contudo, a acompanhar os bombardeamentos sobre o território sírio.

Reconhecendo a necessidade de que parte da solução terá de ser militar, Obama descreveu a estratégia que tem sido seguida. “Temos de os fazer recuar, diminuir o seu espaço e ir atrás dos seus comandos, da sua capacidade e das suas armas, do seu combustível, cortar o financiamento e trabalhar para eliminar o fluxo de combatentes estrangeiros.”

Mas à solução militar, Obama quer juntar uma componente política, que terá de passar por uma “combinação entre as populações sunitas e xiitas que são neste momento as maiores causas do conflito”.

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