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A nova etapa no Novo Banco

Depois de mais um desnecessário episódio de instabilidade, o Novo Banco tem um rumo e uma equipa que o conhece e perfilha.

O que quer dizer que há dias andava à procura e promovia contactos para substituir a equipa de Vítor Bento. Como ontem o PÚBLICO escreveu em editorial, é lamentável que não tivesse havido um mínimo acerto de posições entre quem sai e entre quem entra para se evitar projectar no mercado e na opinião pública a sensação de que o Novo Banco é uma nau à deriva.

Mas, deixando para trás o acidente de percurso, é evidente que vai começar a haver a partir de hoje um acerto de posições entre o a estratégia traçada pelo Banco de Portugal e pelo Governo e a equipa de gestão nomeada para a executar. E não parece haver grandes dúvidas sobre o perfil e a competência da nova administração ontem anunciada pelo Banco de Portugal.

O que se perspectiva para os próximos seis meses é, ainda assim, um cenário de dificuldades que vai exigir inteligência e perseverança à equipa de Eduardo Stock da Cunha. Gerir um banco condenado a ser vendido a prazo marcado e curto não é propriamente um activo para quem tem a tarefa de manter o mais possível a actual carteira de clientes — já não se põe a questão de atrair novos. Os colaboradores do banco, reconhecidamente um dos seus maiores valores, tenderão a cair no desânimo natural a quem vive um período de transição para a incerteza do futuro. A auditoria e o balanço actualizado pedidos à consultora PwC podem trazer mais e más surpresas.

Com tantas incertezas, o desejo, lógico mais arriscado, de encontrar compradores para o Novo Banco pode tornar-se uma tarefa ciclópica. Mas é esse o caminho traçado e agora ninguém pode dizer que o desconhecia no momento de prestar contas. Se dentro de meses Eduardo Stock da Cunha tiver sucesso, o país terá direito a acreditar que acabou mais um capítulo do inenarrável escândalo do BES.

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