Obama alerta Moscovo para os custos e consequências da escalada militar na Ucrânia
Presidente dos Estados Unidos disse que vai discutir "passos adicionais" contra a Rússia com os aliados da Nato, mas afastou hipótese de intervenção militar.
Numa conferência de imprensa na Casa Branca, o Presidente norte-americano ficou perto de classificar os desenvolvimentos militares no Leste da Ucrânia como uma “invasão” russa, mas foi firme ao responsabilizar Moscovo pela violência e instabilidade que se vive naquele país. “As imagens que temos recebido de forças russas dentro da Ucrânia são bem evidentes”, respondeu Obama, referindo-se ao envolvimento do Kremlin no conflito.
“As acções desta semana são apenas uma continuação do que tem vindo a ocorrer há vários meses. Não se trata de nenhuma rebelião doméstica que começou a crescer no Leste da Ucrânia. Os separatistas estão bem apoiados: são treinados, armados e financiados pela Rússia. As marcas do envolvimento russo estão em tudo o que fizeram até aqui”, sublinhou.
Obama disse que vai receber o Presidente ucraniano, Petro Poroshenko, em Washington no próximo mês. Mas antes disso, vai discutir a situação na Ucrânia com os aliados da Nato, que reúnem na próxima semana no País de Gales. “Levamos muito a sério os nossos compromissos”, garantiu o líder norte-americano, que falou em “aplicar pressão” e “outros passos adicionais” contra a Rússia, mas excluiu liminarmente qualquer acção militar para resolver a crise ucraniana.
“Penso que todos concordam que não há uma solução militar para este problema. O que é preciso é mobilizar a comunidade internacional e aumentar a pressão”, disse, notando que até ao momento a Rússia não mostrou nenhuma vontade em “resolver esta questão pela via diplomática”. Mas, insistiu, Moscovo terá de perceber que a sua incursão na Ucrânia “inevitavelmente trará mais custos e consequências adicionais”.
O Presidente dos EUA falou ao telefone com a chanceler alemã, Angela Merkel, para acertar posições relativamente à situação na Ucrânia. O Conselho de Segurança das Nações Unidas reuniu de emergência para discutir os últimos desenvolvimentos na região – também os responsáveis da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) planeavam uma cimeira de última hora.
Numa curta declaração antes de os trabalhos serem interrompidos, o embaixador da Rússia no Conselho de Segurança, Vitali Churkin, disse que o facto de haver “voluntários russos” a combater ao lado dos separatistas ucranianos era conhecido de todos. “Ninguém está a esconder essa realidade”, notou, acusando os Estados Unidos de estarem, eles sim, a interferir nos assuntos internos de um país soberano, ao despachar conselheiros militares para Kiev, para trabalhar dentro do aparelho de segurança ucraniano.
Pelo seu lado, a embaixadora dos Estados Unidos, Samantha Power, lembrou que o Conselho de Segurança já realizou 24 sessões sobre a situação na Ucrânia e em todas elas apelou à Rússia para parar com o seu apoio aos rebeldes. “Em todas as sessões, a Rússia disse tudo menos a verdade. Manipulou, ofuscou, mentiu. E nós aprendemos a medir as suas acções em vez das suas palavras. Nas últimas 48 horas, as acções russas falam por si”, declarou.