Grupo mexicano Ángeles diz que a oferta sobre a ES Saúde é alta e competitiva

Director-geral fala em “projecto estratégico na Europa”. Ministério da Saúde quer garantir que o contrato de PPP do hospital de Loures é cumprido.

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A PPP do Hospital Beatriz Ângelo, em Loures, representou 22% das receitas da ES Saúde em 2013 Daniel Rocha

A ES Saúde é actualmente controlada pela Rioforte através da Espírito Santo Health Care Investments (ESHCI). Para os mexicanos, o negócio representaria a internacionalização do grupo com um “projecto estratégico na Europa”, diz Olegário Vázquez Aldir, citado pelo jornal mexicano Dinero en Imagen (detido pelo grupo mexicano).

A OPA avalia a ES Saúde em 410 milhões de euros. Ao oferecer 4,3 euros por acção, os mexicanos estão a oferecer um prémio de 9% em relação ao último preço das acções antes da OPA ser anunciada e de 18,9% face ao preço médio nos seis meses anteriores ao anúncio.

O director-geral, filho do fundador do grupo mexicano, diz que se trata “de uma oferta alta e bastante competitiva, muito acima do preço da cotação [da ES Saúde] desde que esta empresa entrou em bolsa”. “No conselho de administração consideramos que se trata de um projecto estratégico na Europa e que com a nossa capacidade operativa, visão de longo prazo e experiência poderemos fazer com que este passo tão importante seja um êxito”, defendeu.

Vázquez Aldir é filho do fundador e presidente do conselho de administração do GEA, o empresário de origem galega Olegário Vázquez Raña. Os dois tinham acções na ES Saúde e foi com essas posições que, a 13 de Agosto, o grupo mexicano conseguiu uma participação qualificada de 3,32% na empresa controlada pelo Grupo Espírito Santo (GES) através da Rioforte.

“Para o meu pai, que preside ao conselho de administração, e para mim, sempre foi um sonho poder internacionalizar o grupo”, diz ainda Olegário Vázquez Aldir, citado pelo mesmo jornal.

Ministério da Saúde quer garantias
Os mexicanos impõem várias condições para concretizar a compra da empresa portuguesa, dona de 18 unidades, entre elas o Hospital da Luz, em Lisboa, e o Hospital Beatriz Ângelo (em regime de PPP), em Loures.

Uma das condições é que, com esta OPA, passe a deter pelo menos 50,01% do capital. Outra é que o Hospital Beatriz Ângelo faça parte da compra, não sendo colocados impedimentos por parte do Estado. Sendo esta uma unidade do Estado, gerida pela ES Saúde em regime de Parceria Público-Privada (PPP) e onde o grupo foi buscar no ano passado 22% das receitas operacionais, o Ministério da Saúde terá de se pronunciar.

Para já, o ministério liderado por Paulo Macedo garante que vai “verificar e assegurar”, em conjunto como o Ministério das Finanças, que “o novo accionista cumpre os requisitos exigidos no contrato de gestão em PPP”. Questionado pelo PÚBLICO, o ministério esclareceu, através do gabinete de imprensa, que a eventual alteração da estrutura accionista está prevista no contrato de gestão e, quando a questão se coloca, o ministério tem 30 dias para tomar posição, depois de receber “um pedido formal de apreciação”.

O ministério diz que vai pedir à Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo que assegure que “a nova realidade do grupo Espírito Santo não afecte o cumprimento de todas as obrigações assumidas ao abrigo do contrato de gestão” da PPP do hospital de Loures, cabendo à  Administração Central do Sistema de Saúde acompanhar a gestão do contrato.

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