A diferença entre a guerra e a carnificina
Na ofensiva de Israel na Faixa de Gaza, mais de 80% das vítimas palestinianas são civis.
O 13.º dia de conflito foi de longe o mais violento e o mais sangrento na investida que os israelitas, agora também pela via terrestre, fazem na Faixa de Gaza. Benjamin Netanyahu já tinha avisado que iria “expandir as áreas” de ataque, tendo ontem enviado tanques e infantaria para zonas urbanas à procura de túneis e de rampas de lançamento dos rockets palestinianos. O ataque mais violento aconteceu no bairro de Shajaya, onde os repórteres presentes testemunharam uma autêntica carnificina, com pelo menos 62 pessoas mortas, a maioria das quais mulheres e crianças. Mortos que vão engrossar uma estatística tétrica onde se já contabilizam, em duas semanas de conflito, 438 baixas palestinianas e duas dezenas do lado israelita.
O dado mais alarmante neste conflito é o número que está a ser avançado pela ONU e que diz que 80% das vítimas palestinianas são civis, sendo que as crianças formam o maior grupo. Apesar de Israel ter um dos exércitos mais avançados do mundo, em termos de artilharia, informações e precisão, organizações de direitos humanos da Palestina e Israel falam num ataque desproporcionado.
Nos dois lados da barricada ninguém se entende, as posições estão ainda mais extremadas e ontem nem sequer conseguiram respeitar uma trégua de duas horas pedida pela Cruz Vermelha para remover cadáveres e retirar os feridos.
Perante tantas baixas de civis a necessidade de um cessar-fogo torna-se ainda mais premente. O Hamas continua a recusar a intermediação feita pelo Cairo, preferindo a Turquia ou o Qatar. Doha já apresentou uma proposta de tréguas, mas Israel insiste que o Egipto deve fazer parte de um acordo. Entretanto, vamos assistindo a relatos desumanos, como o de um pai que diz “isto é o meu filho”, enquanto abre um saco de plástico.