Morreu Chevardnadze, um dos artífices da perestroika
O ex-Presidente da Geórgia tinha 86 anos e estava doente há muito tempo.
“Chevardnadze estava doente há muito tempo”, disse à AFP Marina Davitachvili, assistente pessoal do político cuja carreira se estendeu por mais de 60 anos, sem adiantar mais pormenores. Morreu em Tbilissi, a capital da Geórgia, e o seu serviço de imprensa confirmou já o óbito.
Eleito em 1995 Presidente da sua República natal, após o desmantelamento da União Soviética, demitiu-se em 2003, quando se deu a chamada Revolução Rosa, deixando um país empobrecido e à beira do caos. Esta revolução acabou por conduzir ao poder Mikheil Saakashvili, um seu protegido, eleito um ano mais tarde.
Gorbatchov expressou a sua tristeza pela morte de "um amigo", relata a Reuters. "Ele sempre foi rápido a descorir uma forma de se relacionar com pessoas diferentes, tanto com os mais jovens como com os mais velhos. Tinha um carácter brlhante, um temperamento georgiano", comentou, referindo-se à natureza apaixonada de Chevardnadze.
O actual Presidente russo, Vladimir Putin – que já travou uma breve guerra com a Geórgia, enquanto Saakashvili era Presidente –, foi bastante mais circunspecto. Enviou as suas condolências "à família e ao povo da Geórgia".
Amado por alguns, mas odiado por outros na Geórgia, Eduard Chevardnadze raramente saía da sua casa em Tbilissi nos últimos anos. Conseguiu trazer alguma estabilidade ao país, após a separação da União Soviética, quando a Geórgia caiu num período de anarquia, em que havia homens armados com Kalashnikov nas ruas. Mas não conseguiu travar a corrupção galopante.
Enquanto ministro dos Negócios Estrangeiros de Gorbatchov, no entanto, distinguia-se pelo charme e palavra fácil, que o diferenciavam dos seus predecessores. Era um rosto diferente da diplomacia soviética, que foi determinante para convencer o mundo da política de perestroika (reestruturação). Ajudou à supervisão da retirada das forças soviéticas do Afeganistão em 1989 e foi também determinante para a reunificação alemã.
Mas demitiu-se em 1990 – num golpe inesperado para Gorbatchov – e regressou à Geórgia natal, para tentar salvar o novo país, agora independente, da guerra civil.