Os Lusíadas como nunca os ouvimos

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Ainda não é a maratona - a maratona vai ser quando António Fonseca correr, um por um, os 42 quilómetros de Os Lusíadas, coisa para a qual é capaz de estar em forma "daqui a quatro anos" -, mas para lá caminha. Estamos na fase em que ele corre a mini-maratona sem ficar com falta de ar: o Canto I, sem cortes, e sem paragens para recuperar o fôlego. É hoje às 22h00, na Sala de Espera da nova sede do Teatrão, a Oficina Municipal do Teatro de Coimbra: Os Lusíadas, como nunca os ouvimos, e ainda é só o princípio.

A Sala de Espera do Teatrão - que, quando o novo espaço abrir, vai funcionar sobretudo com espectáculos de café-teatro - entra ao serviço esta noite, e com uma estreia absoluta. "O Teatrão convidou-me para voltar a fazer o Sermão da Sexagésima do Padre António Vieira, mas como já o fiz muitas vezes em Coimbra achei melhor propor este projecto que é uma maluqueira - e que só interessa porque, se eu conseguir fazer as oito horas seguidas, com os dez cantos, pode ser uma coisa brutal", diz o actor. Já é uma coisa brutal: "O Canto I está pronto a ser falado, o Canto II vai a meio. Parecia complicado, mas agora é manteiga: vai por ali fora sem acidentes. Estou muito animado, acho que quatro anos chegam para fazer os cantos todos."

A história e não a arquitectura

É uma proeza, mas não é nisso que António Fonseca está interessado: "As pessoas vão ver um maluco que decorou Os Lusíadas, mas saem de lá com Os Lusíadas propriamente ditos. A mim interessa-me sobretudo a história, porque se trata de uma grande história. Não quero saber da arquitectura, dos truques, das técnicas, daquilo que se estuda nas faculdades. Conheço bem a história, e conto-a, é tudo. É possível que as pessoas não percebam todas as palavras, mas o que está ali em jogo é esse encantatório que está para lá das palavras. Quando eu ia dizer Padre António Vieira às escolas, os miúdos também não percebiam tudo mas ficavam completamente vidrados."

Se houver marcações, é uma coisa que lhe apetece voltar a fazer: ir às escolas, agora com Os Lusíadas. "O Canto I está pronto a rodar, se aparecerem escolas, ou mesmo grupos de pessoas, dispostas a ouvi-lo. Aliás preciso mesmo de o rodar, para poder levar isto até ao fim", sublinha.

Os bilhetes para a sessão de hoje custam dois euros, com direito a bebida. Até 19 de Março, altura em que a Oficina Municipal do Teatro reabre oficialmente com o concerto de estreia dos Tiguana Blues e com Bucket, o three-man show da Palmilha Dentada, o Teatrão continua a ocupar a Sala de Espera nas noites de quinta-feira: José Cid vem já a seguir, de hoje a oito.

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