A ambição da editora espanhola EXIT (responsável pela edição da revista EXIT, Imagen & Cultura) é fazer com que o livro 100 Fotógrafos Europeos se transforme num vade-mécum actualizado da fotografia do Velho Continente — uma espécie de farol para desorientações súbitas nas águas sempre saturadas da imagem fotográfica. E entre os cem nomes escolhidos pela editora dirigida por Rosa Olivares (jornalista, crítica, editora, curadora…) há quatro artistas portugueses: António Júlio Duarte (que lançou uma nova monografia recentemente, Japan Drug); Augusto Alves da Silva; Daniel Blaufuks (que deverá inaugurar uma individual em Dezembro, no Museu do Chiado); e Nuno Cera (que tem nova exposição de instalação-vídeo no mesmo museu). Para este “atlas básico”, como lhe chama a editora, foram seleccionados não só artistas cujo trabalho tenha alcançado “um papel essencial” na fotografia das últimas décadas (Thomas Demand, Rineke Dijkstra, JH Engström, Patrick Faigenbaum, Andreas Gursky, Loretta Lux, Martin Parr, Wolfgang Tillmans…), como também aqueles que “apesar de não terem alcançado muita visibilidade” foram “essenciais” para o desenvolvimento da linguagem fotográfica nas suas zonas de influência criativa (Jacob Aue Sobol, Carla Van de Puttelaar…). Todos nasceram a partir de 1950, o que quer dizer que a grande maioria terá começado a construir obra desde o final dos anos 70. E quer dizer também que terão contribuído para a afirmação definitiva da fotografia como disciplina das belas-artes e para sua entrada nas galerias e nos museus como um dos suportes plásticos mais poderosos do século XX. Mas como estas duas “vitórias” já pertencem ao século passado, 100 Fotógrafos Europeos (que custa 50 euros, tem mais de 400 páginas e pode ser encomendado pelo site www.cataclismo.net) procurou ainda os fotógrafos marcantes que podem considerar-se herdeiros de uma prática fotográfica que “não tenta convencer ninguém, nem sequer os próprios, de que aquilo que fazem também é arte”.
Para a editora, o problema desta selecção não são as críticas que surgirão (“de ânimo leve”) pela falta de um ou outro nome que consideraríamos obrigatório, mas “as centenas de nomes” que não sabemos sequer que existem e que “estão a fazer um trabalho excelente”. A esses, a EXIT admite que não consegue chegar “por falta de informação” ou por “escassa ou nula” mobilidade dos seus trabalhos no mundo da arte. “São lugares que ainda não foram descobertos, ilhas isoladas, com rotas inexistentes” no movimento da arte actual. A esperança é que, a partir destes 100 nomes, outros cartógrafos possam descobrir outros 100. E talvez assim os consigamos colocar no mapa.
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