Há uma nova mostra de cinema em Lisboa: chama-se Olhares do Mediterrâneo — Cinema no Feminino, e vai ter a sua primeira edição este fim-de-semana (começa hoje e termina no domingo), no Cinema São Jorge. E acontece porque “o Mediterrâneo é o amplo contexto cultural em que Portugal se insere” e também “porque é um gozo fazer acontecer um evento inovador no panorama cultural da cidade”, explicam os organizadores.
O que os filmes que aqui vão ser apresentados têm em comum é precisamente o facto de serem feitos por mulheres que vivem em países mediterrânicos. De resto, são histórias muito diferentes, que vão dos problemas causados pela avaria de uma máquina de lavar no quotidiano vulgar de Luísa (Luisa No Esta en Casa, uma comédia da espanhola Celia Ricco Clavellina) à relação entre um rapaz de oito anos e uma colega maior e mais dinâmica (Les Compliments d’Amour, da francesa Marie Madinier), passando pelo drama de uma família palestiniana (Lamma Shoftak, da palestiniana Annemarie Jacir) ou pela vontade de escapar a um quotidiano sufocante em Tânger (Sur la Planche, da marroquina Leïla Kilani).
Portugal é representado pelo documentário 8816 Versos, de Sofia Marques, que parte do número de versos de Os Lusíadas e da apresentação integral da obra pelo actor António Fonseca em Guimarães, durante a Capital Europeia da Cultura.
Para discutir precisamente a especificidade destes olhares femininos, acontece no domingo às 20h na Sala Montepio um debate com a participação da realizadora Sofia Marques, das antropólogas Cristina Santinho e Maria Cardeira da Silva, e da linguista palestiniana Dima Mohammed.
Mas não é apenas de cinema que aqui se trata. A mostra aparece associada também à dieta mediterrânica, que acaba de ser consagrada como património da humanidade pela Unesco. Assim, já hoje às 20h15, no foyer do 1º andar, há uma prova de vinho e degustação para acompanhar a inauguração da exposição Lisboa-Istambul (fotografias pintadas de Irène Jonas). Uma palestra amanhã às 17h servirá para discutir a alimentação mediterrânica em Portugal, e terminará com uma demonstração pelo chef Diogo Cerqueira.
Haverá ainda, sábado às 22h30, um concerto por Luísa Amaro, intérprete e compositora da guitarra portuguesa, discípula de Carlos Paredes, que irá aqui apresentar o seu novo trabalho, ARGVS, sobre a errância de Ulisses pelo Mediterrâneo, num quarteto com o português Gonçalo Lopes, o italiano Enrico Bindocci, e a cantora cipriota Kyriacoula Constantinou. A mostra encerra domingo às 23h30, com a performance de som e movimento MoviTerrâneo, pela soprano Luísa Brandão e o pianista João Lucena e Vale.