“Estúpido”,” idiota”, “parvalhão” ou pior… Putin foi insultado por um ministro de Kiev

Responsáveis russos furiosos com ataques à embaixada da Rússia em Kiev e com declaração do chefe da diplomacia ucraniana

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Carros vandalizados à porta da embaixada russa em Kiev SERGEI SUPINSKY/AFP

Numa cena filmada no sábado por uma televisão local, o chefe da diplomacia ucraniana, Andrii Dechtchitsa, é filmado a gritar aos manifestantes “Putin é um parvalhão”. Ou será que lhe chamou “idota”?. “Estúpido?”. « C… ão? » Impossível de ter certezas para quem não domina o calão cirílico. A Reuters escreve que o insulto foi “dickhead”. A francesa AFP diz que foi “connard”.

De qualquer forma, o objectivo do ministro ucraniano era o de acalmar os manifestantes, tentando sem sucesso impedi-los de atacarem a representação diplomática russa, um dia depois de os separatistas pró-russos no Leste da Ucrânia terem abatido um avião militar ucraniano, matando 49 pessoas.

A Rússia denunciou ainda no sábado à noite a inacção das forças de ordem ucranianas que “não fizeram nada para proteger a embaixada (…), o que constituiu uma violação grosseira dos compromissos internacionais da Ucrânia”. União Europeia e Estados Unidos condenaram o ataque à embaixada, depois de o ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov, ter feito uma queixa formal à Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE).

Para além disso, vários altos responsáveis russos condenaram vivamente o comportamento do ministro Dechtchitsa. “O Presidente Porochenko devia mudar o seu ministro dos Negócios Estrangeiros. Ele não se sabe controlar”, escreveu na sua conta do Twitter, o chefe da comissão de Negócios Estrangeiros da Duma (câmara baixa do parlamento), Alexeï Pouchkov

O vice-ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Konstantin Dolgov, considerou que a tirada de Dechtchitsa mostra a verdadeira natureza das pessoas que estão no poder na Ucrânia. “Vimos mais uma vez a cultura política, ou melhor, a falta dela nas pessoas que estão no poder em Kiev”, disse em declarações a uma rádio.

O ministro Dechtchitsa já se justificou, dizendo que disse o que disse para tentar baixar a tensão. “A minha declaração consistia em exprimir o meu descontentamento de forma pacífica. Naquele momento, o principal era conseguir travar as pessoas, não permitir cenas de violência e foi isso que conseguimos fazer”, disse à rádio Eco de Moscovo.

No contexto, o que o ministro disse aos que se manifestavam, atirando objectos e ovos contra a embaixada, vandalizando carros e rasgando uma bandeira russa, foi que as pessoas tinham o direito a protestar, que ele próprio também queria protestar, mas que era preciso cumprir as regras. “Sim, Putin é um parvalhão”. Mas, insistiu, “temos que defender o direito da Rússia a ter uma embaixada na Ucrânia”.

O russo Leonid Kalashnikov, número dois da comissão de Negócios Estrangeiros da Duma, considera que Andrii Dechtchitsa não tem condições políticas para continuar a ser ministro. “Não consigo imaginar como é que alguém, especialmente um representante russo, pode sentar-se a uma mesa de negociações com ele depois deste desmando.”

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