Francisco agradeceu à Jordânia a ajuda que dá aos refugiados sírios

Domingo, segundo dia da viagem à Terra Santa, o Papa estará em Belém e em Jerusalém.

O Papa Francisco depois de aterrar no aeroporto de Amã
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O Papa Francisco depois de aterrar no aeroporto de Amã AFP
Missa celebrada no estádio de Amã
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Missa celebrada no estádio de Amã Andrew Medichini/Reuters
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Francisco aterrou em Amã, Jordânia, e saiu do avião perante uma fileira de guardas jordanos de trajes longos e kafiyehs a rigor antes de ser recebido pelo Rei Abdullah e pela rainha Rania. Aí, agradeceu as “boas vindas generosas” que o reino hachemita tem dado aos refugiados sírios. “Agradeço às autoridades do reino o que estão a fazer e encorajo-as a continuar os seus esforços para encontrar uma paz duradoura para toda a região.”

A Jordânia colhe 600 mil refugiados registados (já são 10% da população jordana), embora se estime que este seja um número inferior ao real, que será estimado para perto de um milhão e 300 mil. O país abriu recentemente um terceiro campo de refugiados para acolher pessoas que fogem da guerra, que em cerca de três anos deixou já cerca de 160 mil mortos, com um aumento de vítimas concentrado nos últimos tempos (10 mil terão morrido nos últimos dois meses).

Já o Rei Abdullah pediu ao Papa que contribuísse para a resolução do conflito: “A vossa humanidade e sabedoria podem ser uma contribuição especial para aliviar a crise dos refugiados sírios e o fardo em países vizinhos como a Jordânia.”

O Papa Francisco tem muitas vezes chamado a atenção para o problema de refugiados, falando mesmo numa “globalização da indiferença” numa visita que fez a Lampedusa, a ilha italiana onde naufragam e morrem centenas de imigrantes que tentam chegar à Europa.

“Estamos muito felizes porque ele verá cristãos no mundo árabe, ele ver-nos-á e verá o nosso sofrimento”, disse Nazik Malko, um sírio cristão ortodoxo, antes da marcada ida do Papa a Betânia, para além do rio Jordão. “Esperamos que a paz volte ao mundo e à Síria.”

Cerca de 10% dos 22 milhões de sírios são cristãos, e as minorias religiosas do país temem ataques de extremistas islâmicos. Estimativas mencionam 450 mil cristãos deslocados na Síria ou refugiados noutros países.

Antes desta etapa em Betânia, Francisco rezou uma missa num estádio de Amã, falando da necessidade de tolerância e diversidade. “A missão do Espírito Santo é conseguir harmonia e criar paz em situações diferentes e entre povos diferentes”, disse o Papa. “Vamos pedir ao Espírito para preparar os nossos corações para irmos ao encontro dos nossos irmãos e irmãs para que possamos ultrapassar as nossas diferenças enraizadas no pensamento político, na linguagem, cultura e religião.”

Na missa estavam não só refugiados cristãos da Síria mas também do Iraque e dos territórios palestinianos. Na missa, 1400 crianças receberam a primeira comunhão.

Francisco declarou ainda o seu apreço pelos anfitriões: “Aproveito esta oportunidade para renovar a minha estima e respeito pela comunidade muçulmana e mostrar o meu apreço pelo trabalho levado a cabo por sua majestade, o rei, que está a promover um maior entendimento entre povos de fé diferente e comunidades de fé diferente”. O rei Abdullah referiu-se à coexistência pacífica entre muçulmanos e cristãos, dizendo que tentou “manter o verdadeiro espírito do islão, o islão da paz”.

A viagem marca o 50.º aniversário do encontro histórico entre o Papa Paulo VI e o patriarca de Constantinopla, Athenagoras, que acabou com 900 anos de cisma entre as Igrejas de Ocidente e de Oriente. Este domingo, o Papa irá participar numa celebração ecuménica com os líderes das outras igrejas cristãs na Basílica do Santo Sepulcro, em Jerusalém. Mas antes irá a Belém, nos territórios palestinianos, onde celebra uma missa na Praça da Manjedoura. 

Mas apesar das insistências do Vaticano de que não é assim, a viagem terá inevitavelmente um lado político. Francisco voa da Jordânia directamente para a Cisjordânia e é a primeira vez que um Papa o faz, o Vaticano referiu-se ainda ao Estado da Palestina, o que irrita Israel. Tinha prevista uma ida ao cemitério onde está sepultado Theodor Herzl, o fundador do sionismo moderno, no que a imprensa israelita via como um pedido de desculpas por um erro quando o Papa Pio 1904 recusou a Herzl o pedido de ajuda para fundar um Estado judaico na Palestina, o que irrita os palestinianos.

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