Museu abre as janelas e põe obras de Rubens, Ticiano e Caravaggio em risco

Galeria Borghese, em Roma, tem as janelas abertas para suportar o calor, expondo as obras à humidade e à poluição da cidade. Ar condicionado não funciona.

"Paolina Borghese", escultura de Antonio Canova na Galeria Borghese
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Paolina Borghese, escultura de Antonio Canova na Galeria Borghese Reuters
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Ter as obras protegidas do calor, do frio e da humidade é umas das necessidades elementares de uma galeria ou de um museu. Qualquer instituição com obras de arte à sua guarda tem a preocupação de as manter à temperatura certa para que não sejam afectadas. Expostas às mudanças de temperatura, à humidade e à poluição da cidade, assim como a mosquitos, por exemplo, estas peças correm o risco de perder alguma das suas características. São estes factores externos a causa da degradação de grande parte das obras de arte ao longo do tempo, daí que sejam necessários cuidados extremos. O recurso ao ar condicionado é a forma de manter estas peças num clima regularizado.

E é isso que, por estes dias, não está a acontecer na Galeria Borghese, um dos museus mais famosos do mundo. Obrigatória no percurso turístico de Roma, com mais de 500 mil visitas por ano, a Galeria Borghese foi construída no século XVII para o cardeal Scipione Borghese, sobrinho do Papa Pio V, expor a sua grande colecção de arte, que inclui ainda esculturas de Bernini e Canova.

“Temos estado a braços com esta situação de emergência há dois meses”, disse ao diário italiano La Repubblica a directora da galeria, Anna Coliva, explicando que há alguns anos que o ar condicionado, instalado em 1997, está com problemas devido à reduzida manutenção. Foi pedido um novo sistema há algum tempo, mas não tiveram até agora resposta.

Entre as obras em risco estão Amor Sagrado e Amor Profano (1514), de Ticiano, Virgem com o Menino e Sant’Ana (1605), de Caravaggio, La Pietà (1602), de Rubens, e O Santo Enterro (1507), de Rafael.

À espera de um novo sistema de ar condicionado, a galeria terá de continuar com as janelas abertas. Ao The Telegraph, Elisabetta Giani, investigadora do Instituto Superior de Conservação e Restauro (ISCR), em Itália, alertou para os perigos desta decisão, explicando que temperaturas acima dos 30 graus Celsius ou humidade acima dos 50%/55% poderão danificar as obras. “É preciso limitar o mais possível para proteger o interior das salas, há poluentes químicos e biológicos que não podem ser controlados”, afirmou a investigadora.

Não é a primeira vez que o calor em Itália se torna uma ameaça para as grandes obras de arte. Em 2012, a direcção da Galeria dos Uffizi, em Florença, onde está exposto O Nascimento de Vénus, de Botticelli, viu-se obrigada a fechar algumas salas devido às altas temperaturas, enquanto nos museus do Vaticano, incluindo na Capela Sistina, está a ser instalado um novo sistema de ar condicionado.

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