Risco de deflação na Europa preocupa banqueiros e gestores de fundos
Tensões na Ucrânia podem precipitar queda generalizada dos preços na zona euro.
“Não diria que os investidores estão nervosos, mas estão cépticos” quanto à evolução da economia europeia, disse à Bloomberg o director de investimentos do BMO Private Bank, de Chicago, Jack Ablin. A Bloomberg Markets Global Investor Poll é um inquérito trimestral conduzido pela agência desde 2009 e pretende aferir o sentimento de gestores de fundos, banqueiros, gestores de fortunas e outros profissionais do sector financeiro sobre o comportamento da economia mundial.
Apesar de as expectativas quanto à economia global se manterem positivas, a crescente tensão na Ucrânia faz aumentar os receios de deflação (uma descida generalizada de preços) na Europa e ensombra o comportamento económico do continente europeu. A inflação na zona euro subiu em Abril de 0,5% para 0,7%, mas a um ritmo menor do que era esperado pela maioria dos analistas, fazendo crescer as expectativas quanto a eventuais medidas do Banco Central Europeu (BCE) para contrariar a queda dos preços (como a compra de activos no mercado).
A taxa de Abril representa praticamente um terço da meta da instituição liderada por Mario Draghi, de atingir uma variação de preços inferior, mas em torno de 2%, na zona euro. A Bloomberg destaca ainda o caso português, em que os preços se têm mantido abaixo dos níveis de 2013. Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), o nível de preços em Portugal caiu 0,4% em Março face a Fevereiro (os dados de Abril deverão ser divulgados na terça-feira).
Cerca de 40% dos inquiridos considera que a economia mundial está a melhorar, outros 43% consideram que está estabilizada e apenas 12% apontam para uma deterioração. Ainda assim, o entusiasmo arrefeceu face aos resultados da sondagem no primeiro trimestre, quando 59% dos inquiridos defendeu estarmos a assistir à melhoria da actividade económica (naquele que foi o resultado mais elevado desde 2009).
À pergunta sobre qual o mercado que oferece melhores oportunidades de investimento nos próximos dois anos, quase metade dos profissionais (44%) escolheu os Estados Unidos. A Europa surge em segundo lugar, com 32% das respostas, bem acima dos 7% registados em Novembro de 2010, quando se faziam sentir as ondas de choque da crise das dívidas soberanas.