ONU debate medidas para prevenir casos como o da Malaysia Airlines
Após desastres com aviões da Malaysia Airlines, em Março, e da Air France, em 2009, as recomendações à OACI têm-se multiplicado
Há dois meses, o B-777 da companhia aérea malaia, que fazia a ligação entre Kuala Lumpur e Pequim, desapareceu sem deixar rasto sobre o Oceano Índico, apesar das operações sucessivas para tentar encontrar o aparelho. A 1 de Maio, o governo da Malásia pediu à Organização para a Aviação Civil Internacional (OACI) que fosse colocado nos aviões comerciais um sistema de acompanhamento permanente e em tempo real de todos os voos, no sentido de facilitar a localização dos aparelhos em caso de desaparecimento, como aconteceu a 8 de Março.
O mesmo já tinha acontecido em Julho de 2011, quando a França recomendou à Agência Europeia de Segurança Aérea e à OACI que os aviões comerciais que realizem voos sobre áreas de mar ou remotas transmitam dados para ajudar à sua localização, assim que se detecte uma situação de emergência a bordo, e fique activado um localizador. A recomendação surgiu depois de um avião ao serviço da Air France se ter despenhado em pleno Oceano Atlântico, em Junho de 2009, com 228 pessoas a bordo.
O objectivo da reunião dos próximos dois dias em Montreal, Canadá, organizada pela OACI, recebe o apoio das principais agências da aviação civil. Patrick Ky, director da Agência Europeia de Segurança Aérea, disse recentemente à Reuters que após o acidente com o avião da Air France se deveria ter “agido mais rapidamente”.
"Realmente, precisamos de fazer alguma coisa, porque depois do desastre da Air France surgiram uma série de recomendações e não tenho certeza que a comunidade aeronáutica tenha sido suficientemente rápida na hora de reconhecê-las. Agora é hora de fazer alguma coisa", disse o responsável da Agência Europeia, que pretende pôr em prática algumas das recomendações já feitas em 2018.
A agência propõe que a informação sobre a posição dos aparelhos seja enviada a cada minuto para reduzir a área de busca a cerca de 11 quilómetros. A Air France já faz isso, sempre que os seus aparelhos ultrapassam os 4500 metros de altitude.
Tony Tyler, director-geral a Associação Internacional de Transporte Aéreo, admite, citado pelo El País, que já foi feito “algum progresso” nesta matéria após o acidente de 2009 mas defende que é preciso acelerar mais o processo. “Não podemos deixar simplesmente que outro avião desapareça”. Também a associação está a trabalhar na análise das opções disponíveis, estando previsto que em Dezembro se pronuncie.