Líder rebelde aceita negociações directas para acabar com guerra no Sudão do Sul
Promessa de Riek Machar foi feita a Ban Ki-moon, que esta terça-feira foi ao Sudão do Sul para tentar acabar com o conflito no país que se tornou independente em 2011.
“Segundo o Presidente Salva Kiir, devem encontrar-se no dia 9”, disse Ban, acrescentando, segundo a AFP, que Machar lhe prometeu telefonicamente que se deslocará à capital da Etiópia. O secretário-geral das Nações Unidas deslocou-se esta terça-feira ao Sudão do Sul, numa tentativa para mediar o conflito.
A 23 de Janeiro foi acordado um cessar-fogo que não teve quaisquer resultados.
A guerra no Sudão do Sul opõe grupos liderados pelos dois dirigentes e é uma expressão sangrenta de uma velha rivalidade entre as duas mais importantes comunidades do país, os dinka e os nuer. O conflito terá já causado a morte de dezenas de milhares de pessoas em combates e massacres atribuídos aos dois campos desde o início da guerra, em meados de Dezembro. Mais de um milhão de pessoas tiveram de abandonar as suas casas.
Apesar das pressões internacionais, incluindo ameaças de sanções dos Estados Unidos, os combates prosseguiam esta terça-feira em redor de Bentiu, segundo a AFP. A capital do estado petrolífero de Unidade mudou várias vezes de mãos nos últimos meses.
Para além do encontro com Salva Kiir, Ban visitou uma base da Nações Unidas em Tomping, na capital, Juba, onde mais de 20 mil pessoas se refugiaram com receio de perseguições por motivos étnicos. Nas oito bases que a organização tem no país estão cerca de 80 mil pessoas.
Para o Uganda, Sudão e Quénia fugiram já mais de 200 mil pessoas. Mais de 100 mil entraram na vizinha Etiópia. Só nos três últimos dias chegaram a este país mais de 11 mil sul-sudaneses de etnia nuer, segundo as Nações Unidas. O número de deslocados internos está calculado em mais de 900 mil.
A visita do secretário-geral das Nações Unidas acontece depois de, na semana passada, o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, ter também estado no país e ameaçado os dois dirigentes sul-sudaneses com sanções, caso não ponham termo aos combates nem acabem com ataques a civis. Tanto as Nações Unidas como o governo de Washington – que apadrinhou a independência do Sudão do Sul – alertaram para o risco de “genocídio” e de “fome”.
A anterior visita de Ban ocorreu em Julho de 2011, quando foi proclamada a independência, na sequência de um conflito que se prolongou por duas décadas entre os rebeldes do sul e o governo do Sudão.