Mourinho e Cristiano

Que mal tem o patriotismo barato quando o profundo sai-nos cada vez mais caro? Lembro-me de todos os elogios da superficialidade (a começar por Oscar Wilde) e rejeito-os todos.

Nunca é bom celebrar o pouco que se sente ou que se sabe. Na ressalva é que está a viçosa verdade da vida, onde a aliteração inadmissível só prova que é melhor não ter medo de nada, a começar pela maneira de nos exprimirmos.

Anteontem o Real Madrid, com dois golos do português Cristiano Ronaldo, deu um piparote ao Bayern Munique. Mas na final já não enfrentará o Chelsea de José Mourinho, que não conseguiu convencer os jogadores dele a dar cabo do maravilhoso Atlético de Madrid. Que pena!

A alma estética de cada um anseiava por uma final entre os dois grandes clubes madrilenos. Foi satisfeita. Não só é lindo como é epicamente histórico. Mas a patriótica e portuguesa prefeririria uma final (em Lisboa!) entre o Chelsea de Mourinho e o Real Madrid de Cristiano Ronaldo.

Agora é difícil escolher entre o Atlético de Madrid, tão merecedor e inesperado, e o poderoso Real Madrid. Pelas mesmas questões patrióticas parece-me que vou torcer pelo underdog, o Atlético de Madrid, que será, não obstante Cristiano Ronaldo, o mais português e periférico dos dois clubes.

A beleza, depois da tristeza da derrota do Chelsea, é que, aconteça o que acontecer, é a espécie mais apetecida da indiferença que resulta: ganhe quem ganhar, ficaremos satisfeitos. Por assim dizer.

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