Serralves em Festa celebra as artes contemporâneas

Festival de todas as artes realiza-se a 31 de Maio e 1 de Junho, no Porto

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Lia Rodrigues Sammi Landweer

Será, uma vez mais, “um momento de celebração da visão artística multidisciplinar e contemporânea” que caracteriza a actividade de Serralves, disse Suzanne Cotter, directora artística do museu, esta terça-feira, na apresentação de um programa “muito excitante”, e que, como é habitual, envolve várias instituições do Porto e do país.

Já se sabia que a coreógrafa brasileira Lia Rodrigues regressaria este ano a Portugal, a estrear a sua nova criação – que vai passar, primeiro, pelo Alkantara Festival, em Lisboa (Culturgest, 28 de Maio).

No Serralves em Festa, onde também já esteve várias vezes, a coreógrafa vai estrear Pindorama (nome indígena das terras brasileiras antes da chegada dos europeus), parte de um tríptico sobre o tema da água. Trata-se – explicou Cristina Grande, responsável pela programação de dança e performance – de “uma peça de dança meditativa e crítica sobre a condição humana”, e que será apresentada no Porto numa versão para palco.

Mais um capítulo na obra de intervenção cívica e política desta artista que instalou o seu centro de artes na Maré, um complexo de favelas no Rio de Janeiro que recentemente foi notícia por via da operação de “limpeza” aí realizada pelas forças policiais e do exército brasileiros. Lia Rodrigues participará também em Serralves numa conversa promovida pelo Serviço Educativo.

Outra estreia vinda de fora é a de Track, do artista visual, encenador e compositor Graeme Miller, que vai apresentar na Baixa do Porto – é uma das aberturas e vínculos do Serralves em Festa com outras instituições, como a Porto Lazer ou o festival Imaginarius, da Feira –, “um projecto solitário, sensorial e viajante”, diz Cristina Grande, que desafia o sentido de percepção do espectador.

A companhia Visões Úteis vai fazer também chegar a Serralves a sua próxima criação, Biométricos, que, no entanto, em dois momentos anteriores passará pela Baixa da cidade (17 de Maio) e depois pelo Espaço Mira, em Campanhã (24 de Maio). Será a estreia de uma produção com os traços característicos deste grupo, desta vez cartografando o esforço físico humano, seja no trabalho, no desporto ou na criação artística.

Também em estreia estará Sediela, criação da dupla Marina Nabais-Simão Costa, desenvolvendo um trecho da coreografia que realizaram para a peça O Peso de uma Semente, estreado no ano passado no GuiDance, em Guimarães.

Da área do circo contemporâneo vem Smashed, com que o colectivo Gandini Juggling reinventa a arte do malabarismo: nove artistas com outras tantas cadeiras, várias peças de louça e muitas maçãs mostram o lado negro das relações humanas.

Na música – área comissariada por Pedro Rocha –, o nome mais conhecido será o da Sun Ra Arkestra, a formação de jazz criada nos anos 1950 por este pianista, compositor e filósofo, que foi pioneiro na abertura do jazz à música electrónica e à space music. A banda que eterniza o seu nome é agora dirigida pelo saxofonista Marshall Allen (vai tocar no Porto a 1 de Junho e em Lisboa, no B.Leza, no dia seguinte).

Para a tradicional Festa no Prado, noite de sábado dentro, haverá um alinhamento de três bandas: os portugueses Octa Push, com música de dança de sabor afrobeat; os canadianos Duchess Says, com o electro-punk vocalizado pela imparável Anne-Claude Deschênes; e as batidas maquinais e industriais dos londrinos Factory Floor.

Do lado dos sons da casa, Serralves desafiou o pianista e compositor Tiago Sousa a criar, com o seu projecto Guitarrafonia – um ensemble formado em 2006, com professores e alunos de escolas da Beira Interior (Castelo Branco, Guarda e Fundão (2006) –, um concerto especificamente para a ocasião da Festa.

A fazer a ligação da música com o cinema estará Gravity Hill, um cine-concerto que reúne os músicos Guy Picciotto, Jim White e George Xylouris com o realizador Jem Cohen (que já trabalhou com os REM). No espectáculo a apresentar, Jem Cohen fará a estreia de um novo filme seu.

Na agenda do Serviço Educativo – da responsabilidade de Liliana Coutinho –, assinale-se a aposta numa nova fórmula de visitas guiadas, em volta da Colecção do Museu de Arte Contemporânea de Serralves, com encontros de vinte minutos em volta de uma série de obras seleccionadas para o efeito.

 

 

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