O efeito Marcelo
Primeiro, foram as críticas aos críticos, múltiplas vezes repetidas no slogan “Só faz falta quem cá está”. Depois, as críticas à oposição, sobretudo ao PS e a António José Seguro, que chegou mesmo a ser considerado o líder que tem poder mas não manda, sempre acompanhado da sombra de António Costa.
Pelo meio, sempre presente, o empunhar da social-democracia como a verdadeira e única ideologia do partido, sacudindo o epíteto de "neoliberais" com que os críticos, internos e externos, baptizaram o actual rumo do partido.
Mas a partir do meio da tarde de sábado, o congresso mudou de linha. Alguns supostos críticos começaram a surgir, mas para fazer discursos conciliatórios. Primeiro Morais Sarmento, depois Luis Filipe Menezes e por fim Marcelo Rebelo de Sousa.
Com brilhantismo, emoção e humor, o comentador e ex-líder do partido fez o discurso redentor. Enalteceu a liberdade interna do partido, emocionou com a história da fundação do PSD, desfez mais uma vez António José Seguro e deixou avisos para o futuro. Que as dificuldades vão continuar e que vai mesmo ser preciso negociar com o PS no pós-troika, apesar dos calendários eleitorais apertados.
Num discurso conciliatório, Marcelo voltou a colocar-se no pedestal de presidenciável de onde nunca verdadeiramente saiu. E fechou assim o triângulo eleitoral em que o congresso se lançou: com Rangel, acreditam vencer as europeias. Com Passos, as legislativas. E da forma como conquistou o congresso, Marcelo pode conquistar Belém. Neste sáabdo, no Coliseu, o PSD fechou-se sobre si próprio e desatou a sonhar.