O candidato assumido contra o candidato escondido

Separados por apenas dois pontos no topo da classificação, Benfica e Sporting defrontam-se hoje, no Estádio da Luz, num jogo que terá implicações na luta pela liderança da Liga portuguesa.

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O Benfica venceu na Taça de Portugal com um golo de Luisão no prolongamento Francisco Leong/AFP

À entrada para a 18.ª jornada da Liga, apenas dois pontos separam o candidato assumido, o Benfica, do candidato escondido, o Sporting. As contas são fáceis de fazer. Se ganhar o Sporting, passa para a frente; se ganhar o Benfica, aumenta a vantagem sobre os “leões”, que podem, inclusive, terminar a ronda em terceiro, dependendo do que fizer o FC Porto, em casa, frente ao Paços de Ferreira.

Mas a grande novidade desta época é mesmo o Sporting, a recuperar com brilhantismo do seu pior ano de sempre. Com um orçamento reduzido e uma aposta declarada nos jogadores formados na Academia de Alcochete, o Sporting tem superado as expectativas mais optimistas, aproveitando da melhor maneira a ausência de pressão e os benefícios de um calendário pouco carregado para ganhar no imediato. Assim, Leonardo Jardim tem tido margem de manobra para lançar jogadores como William ou Carlos Mané, que são o futuro desportivo (e financeiro) do Sporting.

A filosofia do Benfica é diferente em tudo, o que se reflecte na ambição publicamente reiterada de ganhar títulos e na pressão a que jogadores, treinadores e direcção estão sujeitos. O Benfica, pelo investimento que tem feito nos últimos anos, está obrigado a ganhar e ninguém sentirá mais essa pressão que Jorge Jesus, a cumprir o seu quinto ano no banco do Benfica. Esta época é especialmente importante para o treinador da Amadora, que viu o seu contrato prolongado (e o investimento reforçado) após um mês terrível em que perdeu tudo.

Em 2013-14, o Benfica está um pouco abaixo do que estava com 17 jornadas disputadas (45/40), enquanto os “leões” têm exactamente o dobro de pontos (19/38). A diferença entre “águias” (2.º) e “leões” (9.º) em 2012-13 à 18.ª jornada era de 16 pontos e, quando se encontraram à 26.ª, a diferença já era de 34. E desde 2004-05 que os dois rivais lisboetas não se defrontavam na segunda volta a disputar o primeiro lugar. Nessa época, na penúltima jornada, estavam os dois empatados no topo, com 61 pontos. O derby na Luz caiu para o lado do Benfica (1-0) graças a um golo de Luisão, encaminhando os “encarnados” para o título.

O jogo de hoje, na Luz, será o terceiro da época entre os dois rivais e o 301.º de uma rivalidade com mais de um século de existência. No encontro para o campeonato, logo à terceira jornada, houve empate (1-1), e o da Taça de Portugal caiu para o lado benfiquista no prolongamento (4-3). Será também mais uma oportunidade para Leonardo Jardim tentar bater Jorge Jesus pela primeira vez na sua carreira, somando dois empates e quatro derrotas nos seis confrontos anteriores. O mesmo já não se pode dizer do técnico “encarnado” em relação ao clube que chegou a representar como jogador. Em 37 confrontos com os “leões”, Jesus venceu 11, nove dos quais como treinador do Benfica.

O Sporting apresenta-se na Luz com o estatuto de melhor ataque (35 golos marcados) e melhor defesa do campeonato (10 golos sofridos), mas está a atravessar uma preocupante ineficácia ofensiva, directamente relacionada com a “seca” do seu goleador Fredy Montero — e terá de lidar hoje com as importantes ausências do lesionado Jefferson e do castigado William Carvalho. Os “leões” apenas marcaram dois golos nos últimos quatro jogos do campeonato e o colombiano, que se mantém no topo da lista de goleadores (13 golos, um deles ao Benfica, na primeira volta), marcou os seus últimos dois a 8 de Dezembro frente ao Gil Vicente, na 12.ª jornada.

Já o Benfica tem o segundo melhor ataque (32) e a terceira melhor defesa (13), mas parece ter estabilizado depois de um início irregular. Após a derrota na jornada inaugural frente ao Marítimo, os “encarnados” não voltaram a perder e, antes do inesperado empate em Barcelos, levava cinco vitórias seguidas. A ausência de Cardozo foi bem suprida pela pontaria de Lima e de Rodrigo, que ultrapassaram o paraguaio na lista dos melhores marcadores da equipa.

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