Ongoing vende participação na Impresa por 51 milhões de euros
Empresa liderada por Nuno Vasconcellos fica com participação residual, inferior a 2%, no capital do grupo de Francisco Balsemão.
Termina, assim, uma relação que teve momentos tempestuosos e que originou vários processos em tribunal, dos quais a Ongoing, que controla o Diário Económico, acabou por desistir no Verão passado.
Reagindo à notícia do negócio, Francisco Pinto Balsemão, presidente da Impresa, afirmou que “esta saída coloca um ponto final numa estratégia hostil de tentativa de controlo de um grupo de comunicação livre e independente. Por outro lado, esta operação revela o interesse que o grupo Impresa desperta junto dos investidores".
O comunicado da Ongoing, que a Impresa fez publicar no sítio da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, dá conta de que a empresa alienou 38,9 milhões de acções, correspondentes a 23,13% do capital social do grupo de comunicação social. A empresa irá manter, no entanto, uma participação residual, situada “abaixo do limiar dos 2%”.
O valor de venda de cada uma das acções, numa operação concretizada esta sexta-feira, foi de 1,3 euros. Na sessão do dia da bolsa de Lisboa, os títulos da Impresa fecharam em alta para 1,46 euros. No ano passado, o título da Impresa foi o segundo mais valorizado na bolsa de Lisboa (251%) e este ano já cumula um ganho de quase 33%.
O PÚBLICO apurou que a Ongoing vendeu a participação a um grupo de investidores institucionais.
Nos últimos anos, assistiu-se a um franco confronto entre Balsemão e Vasconcelos, com o primeiro a considerar que a Impresa estava a ser alvo de um ataque hostil por parte da Ongoing e Nuno Vasconcelos a acusar o accionista de controlo de o impedir de exercer os seus direitos na companhia que domina a SIC e o Expresso.
Em determinado passo deste processo tempestuoso, a Ongoing deixou de ter assento no Conselho de Administração da Impresa, sob a alegação de que não podia acumular presença em dois órgãos de gestão de empresas que eram concorrentes no mercado.
Este foi um dos motivos que originou a abertura de uma frente judicial entre Vasconcelos e Balsemão e os processos foram-se sucedendo, visando também acusações de alegado incumprimento do dever de lançamento de OPA numa das unidades do grupo Impresa.