Sementes de Cavaco não germinaram

A reforma fiscal do IRC idealizada por Lobo Xavier de pouco ou nada serve sem um consenso político.

Esta semana, os três partidos do chamado arco da governação ofereceram um triste espectáculo quando tentavam, ou fingiam tentar, chegar a um acordo sobre a reforma do IRC. Se PS, PSD e CDS não conseguem chegar a consenso sobre uma descida de impostos, é porque até ao final da legislatura não vão chegar a acordo sobre coisa alguma.

Os partidos radicalizaram os discursos. Marques Guedes tentou encostar o PS à parede e fechou as portas ao diálogo. E os socialistas mantiveram-se intransigentes em condicionar o seu apoio à descida futura do IRC a uma revisão simultânea do IVA e IRS. Ninguém sai bem na fotografia.

O principal mérito na reforma do IRC idealizada por Lobo Xavier seria criar em Portugal um quadro fiscal estável a longo prazo, e que garantisse às empresas, nacionais e estrangeiras, que os impostos não estariam sempre a subir ou a descer sempre que em São Bento mudasse o inquilino.

Sem consensos, uma reforma do IRC tem pouco significado. Não é por o Governo ter lançado este ano o supercrédito fiscal, que na prática baixava a taxa efectiva de IRC para os 7,5%, que as empresas desataram a investir. E não é por aprovar uma descida pontual do IRC, sem a garantia de que o PS lhe dará continuidade caso venha a ser Governo, que as empresas vão olhar para Portugal como um país com um quadro fiscal estável e atractivo para investir.
 
 
 
 

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