Do contra-senso à dupla caricatura

O destino dado pelo Ministro da Educação à prova dos professores só adiou o problema. Para quê?

Ou seja: dos 43.606 que iam ser “examinados” ficarão de fora 25.650. Mais de metade. Os outros serão sujeitos a uma prova indigente, pela qual terão de pagar 20 euros. Não é o preço, é o propósito: dificilmente a educação em Portugal ganhará o quer que seja com tal medida pretensamente avaliadora. Um exemplo simples: alunos convidados pelo PÚBLICO e, depois, pelo Expresso fizeram a prova com a maior das facilidades. Quer isto dizer que estão aptos a ensinar? Puro nonsense. Mas a história da actual prova começou por ser um contra-senso, porque o mesmo partido que agora governa, o PSD, considerou, em 2008, “gravoso” que o Governo (então do PS) quisesse sujeitar professores com vários anos de contratos a uma prova de avaliação de competências. Mesmo assim, Crato não teve pejo em avançar com a velha proposta de Maria de Lurdes Rodrigues (execrada pelo PSD), mas em versão “infantil”. Os professores viram a prova, indignaram-se por quererem fazer deles tontos, e multiplicaram os protestos. O que fez o ministro? Depois de dar a medida por certa, reduziu-lhe o impacto a metade. Os professores mais velhos já não terão de passar pelo vexame de preencherem uma prova caricata, mas os mais novos sim. Os sindicatos da UGT contentaram-se com esta metade, os da CGTP querem a isenção toda. E enquanto trocam acusações, o ministro dá provas, com este “põe” e “tira”, de não saber para que lado se virar nem porquê. Se estivesse em causa o futuro da educação em Portugal, já se teria, há muito, finado. Mas nestas inutilidades só a máquina da burocracia conta. Por isso, a caricatura da prova redundou na caricatura da sua “redução”. E o ensino, no meio disto, onde está? 
 
 
 

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