China a caminho de se tornar o terceiro país a pousar um aparelho na Lua

Robô de seis rodas irá investigar geologia e mineralogia da Lua, deverá começar a trabalhar a meio de Dezembro. Programa espacial chinês olha para potencial económico do satélite natural da Terra.

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O foguetão foi lançado no domingo AFP

Nas últimas décadas, para a Lua, a Terra só enviou sondas. A missão da agência espacial da China pode parecer a repetição de velhas conquistas espaciais, mas tem as capacidades científicas do século XXI e acontece numa altura em que o país demonstra uma capacidade crescente na exploração espacial, com uma agenda que raramente falha.

O foguetão Longa Marcha 3B, que levou o rover juntamente com a Chang’e-3, foi lançado no domingo, às 17h30 (hora de Lisboa), a partir da base espacial Xichang, na província chinesa de Sichuan, no Sudoeste da China. Se tudo correr bem, a Chang’e-3 entrará na órbita lunar dia 6 de Dezembro e aterrará a 14 de Dezembro. A nave vai pousar no Hemisfério Norte, na região chamada de Sinus Iridium (Baía dos Arcos-Íris, em latim), uma planície com poucas irregularidades no Mare Imbrium.

“A nave já entrou na órbita correcta”, disse Zhang Zhenzhong, director da base espacial, citado pela agência noticiosa Xinhua. “Vamos empenhar-nos pelo nosso sonho espacial como parte do sonho nacional chinês de rejuvenescimento”, acrescenta.

A Chang’e-3 é a terceira nave chinesa lunar. As duas anteriores, lançadas em 2007 e 2010, puseram sondas a orbitar a Lua. A primeira fotografou detalhadamente a superfície lunar, a segunda estudou melhor a região onde a Chang’e-3 irá alunar. Esta missão vai mais longe. A nave que irá aterrar leva o primeiro telescópio lunar, que detecta raios ultravioleta, para observar a Terra, a Via Láctea e o nascimento e morte das estrelas.

O Coelho de Jade – o nome mais votado pelos chineses para o rover, do coelho de estimação de Chang’e, deusa mitológica chinesa que vive na Lua – vai explorar as redondezas. O rover tem seis rodas, pesa 120 quilogramas, pode fazer subidas com uma inclinação de 30 graus e caminha 200 metros por hora alimentado a energia solar. O robô leva câmaras para fotografar a paisagem, um espectrómetro para analisar a composição química do solo e um radar para estudar o solo e as rochas até uma profundidade de 100 metros.

Se tudo correr bem, poderá seguir a Chang’e-4, com outro rover para uma missão parecida. Em 2017-2018, o Chang’e-5 fará uma missão de ida e volta à Lua, trazendo amostras geológicas de lá. Estas missões abrirão caminho a uma viagem tripulada à Lua depois de 2020.

Ouyang Ziyuan, professor da Academia de Ciências da China, citado pela BBC News, explicava que o desenvolvimento de tecnologia, o conhecimento científico sobre o sistema solar e a produção de uma elite de cientistas chineses que dominassem estes assuntos eram um dos motivos para esta viagem.

Há também um motivo económico: a facilidade de se recolher energia solar na Lua, o acesso ao hélio-3 que se pensa ser abundante lá e poderá ser utilizado na fusão nuclear, e a busca de outras relíquias: “A Lua está cheia de recursos – principalmente elementos terrestres raros, titânio, urânio, que na Terra são escassos. E estes recursos podem ser utilizados sem limitações. Mas não é necessário ir buscá-los agora porque é muito caro.”
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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