Novo presidente da ANMP avisa Governo que se recusa a contribuir para ser "estertor" do poder local

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ANMP com cara renovada Miguel Madeira

“Não seremos meros espectadores do aprofundamento da fractura social das nossas comunidades”, declarou o novo presidente da ANMP, eleito este sábado em congresso, a decorrer em Santarém.

No seu primeiro discurso como presidente do conselho directivo, Manuel Machado disse que a ANMP quer “agir construindo soluções para recriar a esperança dos portugueses e evitar o estado de emergência social que a todos angustia”.

Perante uma plateia de autarcas – muitos dos quais participam pela primeira vez no conclave da ANMP –, o novo líder da associação de municípios manifestou “orgulho” pelo trabalho que foi feito, mas salientou, “por melhor que tenha sido realizado, não podemos ficar presos ao que já está feito”. E explicou o sentido das suas palavras: “O tempo é outro, as exigências são outras, as expectativas trasnformaram-se, a acção tem de ser outra”.

“É para reflectir sobre essas mudanças e para lançar um novo ciclo de políticas autárquicas que este congresso deve servir”, afirmou o também presidente da Câmara de Coimbra, convocando os autarcas eleitos para o “novo ciclo de políticas municipais” que se exigem devido à situação de crise em que a sociedade portuguesa mergulhou.

“É isso que o povo espera; é isso que [o povo] precisa para vencer o desespero e voltar a acreditar na política e nos políticos”, afirmou, assumindo que este “é um tempo decisivo”.

Manuel Machado reafirmou a ideia que a “ANMP tem de ser a casa comum do poder local democrático. Tem de ser o local onde, com solidariedade, mas também com lucidez, com exigência, com espírito crítico os autarcas saibam reflectir sobre o futuro, sobre a forma de ultrapassar as suas dificuldades (e vão ser muitas!...), mas também de reflectir sobre a forma de aproveitar as suas enormes, as suas imensas oportunidades”.

Pedindo “ambição e sucesso” para o novo ciclo que se abre agora, o novo líder do poder local refere que a ANMP “tem de assumir com clareza  a sua vocação de espaço de partilha de experiências, de espaço de reflexão comum, de espaço de cooperação entre os intervenientes na governação dos municípios, das cidades e do território”.

Dirigindo-se aos congressistas, disse ainda que a ANMP vai saber “recriar-se em duas dimensões: como a casa por excelência do debate e da concertação política para as questões com o poder central e, sobretudo, como a instituição que assume com clareza a missão de contratualizar as soluções de gestão para essa realidade complexa que são os municípios”.

O novo homem forte da ANMP mostrou abertura dos municípios para “cooperar com o Estado para vencer a crise”, mas ao mesmo tempo deixou um recado ao Governo: “Os municípios não aceitarão voltar a ser desconsiderados nos processos decisórios em que são precisos. Os municípios rejeitarão todos os processos em que não sejam vistos, nem tratados, como agentes fundamentais do desenvolvimento e da afirmação dos territórios e das comunidades”.

Afirmando que é “urgente criar emprego e fixar população”, o presidente da associação de municípios declarou que os autarcas e municípios são ”hoje os depositários da esperança das populações. É para estarmos à altura  dessa esperança que nos devemos reorganizar, que devemos reflectir, que devemos programar e trabalhar”.
 
 

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