Seara quer “humanizar” relações da Câmara de Lisboa com instituições sociais
De visita à Ajuda de Berço, o candidato da direita prometeu apoiar o projecto da instituição para um novo centro de cuidados continuados para crianças em Benfica.
Através da criação de uma estrutura, no gabinete do presidente, que faça a ligação com cada instituição, Seara pretende reforçar o apoio social para dar resposta, nomeadamente, ao envelhecimento da população da capital.
Numa visita ao centro de acolhimento da Ajuda de Berço, em Monsanto, na manhã desta quarta-feira, o candidato serviu-se da experiência como presidente da Câmara de Sintra para explicar os planos para Lisboa. “Em Sintra tinha três princípios orientadores. Primeiro, o apoio à construção de infra-estruturas; depois duas formas de apoio ao nível dos regulamentos municipais, para funcionamento e para apoio quotidiano”, referiu, acrescentando que quer repetir essa fórmula na capital.
“Sinto que é preciso haver uma coordenação estratégica em Lisboa entre as instituições que dão apoio social e não há”, criticou.
Seara, que visitou o centro onde estão alojadas temporariamente cerca de 20 crianças até aos três anos, mostrou “total disponibilidade” para apoiar o projecto que a Ajuda de Berço tem em cima da mesa. A instituição, que gere actualmente o centro em Monsanto e outro pólo em Alcântara, quer criar uma unidade de cuidados continuados para crianças doentes e com deficiência. O financiamento da instituição provém, na sua maioria (dois terços), de privados, e a Segurança Social comparticipa um terço do seu orçamento.
“Estamos a pedir à câmara que nos ceda um terreno”, disse António Pinheiro Torres, director da Ajuda de Berço. O terreno já está identificado: fica situado nas traseiras da Igreja de Nossa Senhora do Amparo, em Benfica. O candidato, cujo objectivo assumido em Lisboa é “dar afecto às pessoas”, disponibilizou-se para apoiar o projecto e sublinhou que tem sentido, ao longo da campanha, a escassez deste tipo de unidades, particularmente para crianças.
Levantando a questão da reestruturação da rede hospitalar em Lisboa, Seara defende que nesse âmbito sejam criadas unidades de cuidados continuados e, nalgumas unidades, seja disponibilizado acompanhamento escolar – à semelhança do que existe já no Hospital de Dona Estefânia, exemplificou.
Mostrando que fez o trabalho de casa em relação às características demográficas da capital, Seara sublinhou a importância de criar mecanismos para alargar o apoio social aos idosos, que são cada vez mais. E apontou números: 12,7% da população tem mais de 75 anos, 23,9% da população tem mais de 65 anos e o conjunto das duas primeiras estruturas etárias (0-14, 15-24) é inferior à estrutura superior a 25 anos.
“Qualquer política pública contemporânea tem em conta a demografia. Ou há coordenação rápida de esforços, ou pode haver um aumento da crise individual”, defendeu.
Durante cerca de uma hora, Seara visitou as instalações do centro de acolhimento – onde por volta das 10h30 estavam apenas três crianças, uma vez que as restantes se encontravam na escola – e sorriu quando viu na parede do corredor as fotografias da inauguração do espaço, a 8 de Julho de 2004, por Pedro Santana Lopes.
À saída, recusou falar aos jornalistas, preferindo passar a palavra a João Marrana, o seu porta-voz para as questões sociais. “Não sou one man show”, justificou. Marrana reforçou que a candidatura de Seara pretende “humanizar e pessoalizar as relações com a cidade”, na ligação com as instituições e até na gestão dos bairros municipais.
“Até aqui foi entendido que os regulamentos resolvem os problemas. Nós entendemos que os regulamentos só serão aplicáveis quando houver a tal humanização e a capacidade de nós podermos estar com o outro”, rematou.