PS contra cortes salariais e “estratégia” que “empobrece” o país

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Enric Vives-Rubio

Este mesmo “caminho é errado, o PS está contra. Não vamos subscrever reduções de salários”, nomeadamente de “salário mínimo de pessoas que já vivem no limiar da pobreza” ou “na pobreza”, afiançou.

“São pessoas que trabalham e que não auferem dos rendimentos do trabalho o suficiente para viver de forma digna. Estamos contra, estaremos contra, acima de tudo porque o caminho é errado para o desenvolvimento do país”, insistiu.

Eurico Dias, secretário nacional do PS para a Economia e Inovação, falava aos jornalistas à margem da Universidade de Verão do partido, que está a decorrer em Évora.

O dirigente socialista reagia à notícia divulgada nesta quinta-feira pelo jornal Diário Económico, que refere que o Fundo Monetário Internacional (FMI) vai insistir nas reduções salariais em Portugal.

Segundo o jornal, o FMI “vai voltar a exigir a diminuição do salário mínimo no final de Setembro, por altura das oitava e nona avaliações ao programa de ajustamento, além de outras medidas para aumentar a flexibilidade do mercado de trabalho”.

Confrontado pelos jornalistas sobre esta notícia, Eurico Dias argumentou que “o FMI, tal como o Governo, tem a perspectiva de que o desemprego em Portugal é elevado porque não há suficiente flexibilidade na legislação laboral e porque, ainda assim, os salários são um impedimento à contratação”.

“Esse é um modelo de desenvolvimento errado para Portugal”, disse, defendendo que “empobrece o país e os portugueses”.

A “polémica em torno das informações prestadas ao FMI”, ou seja, dos gráficos que retratam a evolução dos salários em Portugal e defendem mais cortes, baseados em “dados parciais”, serviu “apenas como ‘capa’ para aquilo que é a estratégia” do Governo e a “troika”, acusou.

“Claramente, o que está em causa aqui é uma estratégia concertada, deliberada”, do Governo e da troika, de pensarem “convictamente” que “Portugal só irá reduzir o desemprego se reduzir salários e que só sairá desta crise reduzindo, não só despesa pública, mas salários”, afirmou.

“É um equívoco”, contrapôs o dirigente do PS, criticando a intenção do FMI de redução salarial por considerar que é “uma tentativa de insistir numa política errada”, que o Governo segue porque “é mais ‘troikista’ do que a própria ‘troika’”.

Argumentando que o conceito de “salvação nacional para o PSD e CDS-PP é cortar rendimentos e direitos laborais”, Eurico Dias afiançou que, se o Governo levar à Assembleia da República “mais cortes de rendimentos, terá a oposição do PS, assim como dos portugueses”.