Seguro não se arrepende: "Não troco boas propostas por eleições mais cedo"

Líder do PS afirma que a credibilidade do Governo está "nas ruas da amargura".

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António José Seguro responsabilizou o Governo pela crise política das últimas semanas PÚBLICO/Enric Vives-Rubio

Cavaco Silva lamentou que os partidos não tenham alcançado o acordo de salvação nacional, mas o líder do Partido Socialista diz que não se arrepende do desfecho. "Não me arrependo, porque fiz tudo para que fosse possível um compromisso como tinha sido proposto pelo Presidente da República. Empenhei-me no sentido de um bom acordo e não trocava boas propostas por eleições mais cedo", afirmou numa entrevista dada neste domingo à noite à SIC Notícias. "Quem tinha de ceder era o Governo", defendeu. "Não podiam exigir que nós assinássemos um acordo que fosse um mau acordo."

António José Seguro disse que na quarta-feira chegou a acreditar que um compromisso seria possível: "As informações que me foram transmitidas eram as de que havia disponibilidade para aceitar propostas." Mais tarde, na sexta-feira, o líder do PS mudou a sua avaliação do processo negocial: "Aquilo que eu considerava interessante era que o Governo dissesse preto no branco que propostas do PS é que aceitava.O que era necessário era mudar de política e os partidos do Governo insistiram em manter a política."

O líder do PS responsabilizou ainda o Governo pela crise política das últimas semanas: "Esta crise teve responsáveis. Iniciou-se dia 1 de Julho com a demissão de dois ministros. Esta foi uma crise provocada pelo Governo." António José Seguro acusou ainda o Governo de manter o país numa espiral recessiva e afirmou que é impossível restaurar a credibilidade com uma moção de confiança – uma iniciativa que foi anunciada pelo Presidente da República na comunicação que fez ao país horas antes da entrevista de Seguro.

"A credibilidade não se restaura com a moção de confiança. A credibilidade deste Governo está nos mínimos, está nas ruas da amargura", disse o líder socialista, aludindo à mudança na decisão de Paulo Portas, que anunciou o carácter "irrevogável" da sua saída do Governo para, dias depois, ter voltar atrás.

"O país perdeu a possibilidade de ter um compromisso, mas perdeu também um mau acordo", enfatizou. "Este processo deve ter alertado os membros da troika para a necessidade de haver maior flexibilidade", prosseguiu, depois de enunciar algumas das propostas que defende para a acção governativa.

 
 
 

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