PCP considera “alarmantes” dados do Banco de Portugal
"São dados verdadeiramente alarmantes. O Banco de Portugal vem confirmar que o investimento em Portugal nos últimos quatro anos caiu quase 40% e o rendimento das famílias portuguesas está hoje ao nível do que estava há 14 anos atrás, isto é, ao nível que as famílias tinham em 1999", afirmou o deputado Honório Novo.
Falando à imprensa no Parlamento, o deputado comunista afirmou que o boletim de verão do BdP "confirma uma profunda recessão" que "contraria de uma forma evidente e clara" os discursos do Governo que falava "em sinais positivos da economia".
"Nenhuma das estimativas tem em conta um facto de estarem previstos para os próximos dois anos um corte suplementar de 4 mil e 700 milhões de euros, previstos para o corte adicional nos rendimentos das famílias, em salários, em reformas, em prestações, no aumento do desemprego com o aumento dos despedimentos", argumentou.
Honório Novo assinalou que este corte adicional, "estranhamente, pelos vistos, parece estar em negociação profunda com o PS, que agora parece estar disponível a suportar as políticas da troika".
"Com este corte adicional de 4 mil e 700 milhões de euros, é bem seguro que as estimativas do Banco de Portugal vão acabar por traduzir-se numa realidade ainda pior", afirmou.
O Banco de Portugal melhorou hoje as previsões do crescimento para 2013, antecipando uma contracção de 2% e não de 2,3%, mas piorou as de 2014, esperando que a economia cresça apenas 0,3% e não 1,1%.
No Boletim Económico de Verão, o BdP continua a esperar uma recessão para este ano, de 2%, mas menos forte do que o estimado em Março, altura em que, tal como as previsões do Governo e da 'troika', apontava para um recuo de 2,3% do Produto Interno Bruto (PIB), reflectindo "uma forte queda da procura interna e um aumento significativo das exportações".
Estes cálculos representam um abrandamento da recessão face a 2012, ano em que a economia portuguesa recuou 3,2%.
O BdP espera também que a economia portuguesa destrua mais 4,8% do emprego este ano, depois de uma queda de 4,2% em 2012, e que, no próximo ano, haja uma redução de 1,3% do emprego.