Confederação de Pais atribui maus resultados nos exames à elaboração das provas
Para a Confederação Nacional de Pais os exames são elaborados de “uma forma muito complicada, com questões dúbias que levam a interpretações diversas”.
A propósito da divulgação na segunda-feira dos resultados dos exames de Português e Matemática dos 6.º e 9.º anos, que desceram entre cinco e dez pontos percentuais em relação às médias do ano lectivo anterior, o presidente da Confap disse à Lusa que os “resultados são negativos, mas não reflectem” o conhecimento dos alunos.
“Os resultados não parecem reflectir nem o conhecimento dos alunos nem o trabalho desenvolvimento durante o ano (...). Por isso, considero que os docentes, pais, ministério, associações e sociedades científicas devem olhar para os resultados e fazer uma análise mais profunda e realista do que se passa e tentar corrigir”, disse.
Segundo Jorge Ascenção, na origem dos maus resultados está a elaboração da prova. “Estamos a falar de alunos de excelência, alunos de cinco (numa escala de um a cinco) e de 18 (numa escala de um a 20), que tiveram negativas ou notas fracas apesar de positivas. Nós pedimos às associações e sociedades científicas que nos dessem a opinião, e esta é quase unânime: os exames são elaborados de forma complicada”, sublinhou.
Jorge Ascenção considera, com base na opinião das associações, que os exames são elaborados de “uma forma muito complicada, com questões dúbias que levam a interpretações diversas” permitindo até respostas diferentes. “Depois os critérios são muito fechados e se o aluno não der a resposta que está prevista no critério não tem a pontuação. São tudo factores que levam a este tipo de resultados negativos”, disse.
O presidente da Confap admite que os maus resultados podem ser justificados por falta de esforço e trabalho de alguns alunos, mas considera que a elaboração dos exames “é a maior fatia do problema”.
As classificações médias dos exames da primeira chamada dos 6.º e 9.º anos, em Português e Matemática, em alunos internos, desceram, entre cinco e dez pontos percentuais, em relação às médias do ano lectivo anterior.
Na segunda-feira, o ministro da Educação e Ciência, Nuno Crato, assinalou a urgência de ultrapassar “as dificuldades persistentes em Português e Matemática, num número muito elevado de alunos”, conhecidos os resultados dos exames, salientando que é necessário empenho para ultrapassar as dificuldades.
Mas para o presidente da Confap Nuno Crato “está a colocar enfâse apenas no nível do conhecimento dos alunos”, partindo do princípio de que está tudo bem feito. “Não é só uma questão de conhecimento. Como é que é possível que o Sr. ministro acredite que as nossas crianças e jovens não sabem mais do 40 e tal por cento em média? Ficaram todos de repente desprovidos de inteligência e de capacidade de raciocínio. Há aqui qualquer coisa mais do que isso”, disse. Jorge Ascenção propõe uma análise mais aprofundada dos resultados e depois avançar para um trabalho conjunto rigoroso.