Nogueira Leite: convocar eleições implica “um segundo resgate”
O economista defende um primeiro-ministro independente, mas considera que Cavaco Silva não tem habilidade política para nomear um chefe de Governo independente.
“Acho absolutamente lamentável que se desfaça desta forma um Governo com maioria parlamentar. E num momento em que Portugal ainda tem pela frente um caminho importante e árduo, no quadro do regime de protectorado financeiro em que está desde meados de 2009”, afirmou o economista Nogueira Leite, actual administrador da EDP Renováveis.
O
professor catedrático da Universidade Nova, e apoiante de Passos Coelho, reconheceu que “independentemente do que sejam as posições oficiais do CDS-PP, o actual primeiro-ministro deixou de ter condições e capacidade política para levar por diante a sua acção no Governo”.Para Nogueira Leite, e “dada a gravidade da situação do país e as consequências que o desenvolvimento da actual crise vão certamente gerar”, seria “importante que o Presidente da República”, Cavaco Silva, revelasse “vontade e capacidade política para originar uma solução governativa com amplo apoio parlamentar”.
O economista, que foi secretário de Estado das Finanças num Governo de António Guterres, explicou que defende que Cavaco Silva deve empenhar-se para “encontrar um primeiro-ministro independente e suficientemente respeitado para poder estar à frente de um Governo apoiado pelo PS e pelo PSD”. Mas confessou que será difícil, pois “mesmo que o Presidente da República queira, isso requeria uma capacidade e habilidade política que não lhe temos visto”. E concluiu que, se Cavaco Silva “não quiser nomear um primeiro-ministro independente, isso implicará eleições e um segundo resgate”.
Nogueira Leite foi até final de 2012 vice-presidente da CGD, de onde saiu em conflito com a actual ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque.