UE volta a apreciar proibição de insecticidas suspeitos de matar abelhas
Centenas de pessoas manifestaram-se em Londres a favor da proposta da Comissão Europeia, à qual o Reino Unido tem-se oposto.
Os produtos na mira de Bruxelas são os neonicotinóides, uma família de pesticidas largamente utilizada em culturas agrícolas. Estudos recentes sugerem que estes produtos, uma vez absorvidos pelas abelhas através do néctar e do pólen das plantas, prejudicam a sua capacidade de navegação e resultam na produção de menos rainhas. Esta poderia ser uma das causas das colmeias ficarem vazias – uma tendência que se tem observado em vários países europeus e nos Estados Unidos.
Em Janeiro passado, a Agência Europeia de Segurança Alimentar considerou que o uso de tais produtos só seria aceitável em culturas onde as abelhas não se alimentam. A Comissão Europeia propôs suspender o uso dos insecticidas, mas a ideia não obteve consenso dos Estados-membros. Alemanha e Reino Unido, dois dos países que não concordam com a proposta, abstiveram-se de uma primeira votação em Março.
Centenas de pessoas, muitas vestidas de abelhas, concentraram-se esta sexta-feira diante do Parlamento britânico, exigindo que o Reino Unido vote favoravelmente à proposta, que regressa a Bruxelas na próxima segunda-feira. “O Governo britânico está a cometer um suicídio político ao não apoiar a proposta”, disse a estilista Katharine Hammet, que se juntou ao protesto.
“Se há alguma hipótese de estarem a matar as abelhas, [os insecticidas] deveriam ser proibidos, como medida de precaução”, completou Hammet, citada pela agência Reuters. Uma petição com 300 mil assinaturas a favor da proposta da Comissão foi entregue ao Governo britânico.
Banir os insecticidas não agrada, porém, aos agricultores britânicos, que temem prejuízos de 750 milhões de euros por ano em perdas nas culturas, segundo números da Associação Nacional de Agricultores, citados pelo jornal The Telegraph.
O conselheiro científico do Governo, Mark Walport, também se opõe à medida, por poder levar ao uso de pesticidas antigos, com muito maior risco para as abelhas e para o ambiente em geral.
A proposta de Bruxelas também é contestada pelas multinacionais Bayer e Syngenta, fabricantes dos insecticidas, que argumentam não haver evidências científicas de que o seu uso em condições normais na agricultura cause problemas às abelhas.
Activistas da organização ambientalista Greenpeace colocaram esta sexta-feira faixas de protesto no local onde a Bayer realiza a sua assembleia anual de accionistas, em Colónia, Alemanha.